Sexta-feira, Abril 19, 2024

10 fruteiras tropicais para cultivar em Portugal

Cultivar fruteiras tropicais em Portugal é possível?

Se forem como eu e gostarem de experimentar novos desafios, certamente que já tentaram saber quais os “truques” para cultivar fruteiras tropicais em Portugal. É certo que algumas têm mais sucesso que outras no nosso país, mas neste artigo vou partilhar consigo dez exemplos de fruteiras tropicais com bons resultados por terras lusas:) Já cultivou alguma fruteira tropical no seu terreno?

1-Bananeira

A bananeira é originária do continente asiático mas rapidamente se difundiu um pouco por todo o mundo concentrando-se a sua produção nas regiões com climas tropicais e subtropicais de todo o mundo. Com um crescimento exuberante e rápido, o seu cultivo pode ser realizado tanto em vaso ( para fins maioritariamente ornamentais) como no solo. Se aplicar os cuidados certos, pode conseguir ter um pequena produção de bananas. Em vaso, opte por variedades anãs de banana tais como a nanica. Relativamente aos cuidados que necessita, garanta que não descura o fornecimento de luminosidade, temperatura e nutrição adequada. Dado que é uma cultura tropical, fatores como sol, calor e humidade devem ser garantidos para o seu sucesso. No caso de temperaturas extremamente baixas, as bananeiras cessam o seu crescimento.

A rega deve ser abundante mas não deve encharcar. Como a bananeira gosta de ambientes com bastante humidade, poderá ser uma boa ideia pulverizar as folhas com água desde que garanta que o solo não está muito intenso, correndo o risco de queimá-las.

O cultivo de bananas em vaso exige recipientes com uma grande capacidade, cerca de 80 litros. Nas alturas mais frescas do ano e de forma a proteger as suas bananeiras, coloque um camada de “cobertura morta”/mulching de forma a criar um microclima mais agradável. Para além disso, revela-se uma excelente estratégia para controlar as plantas infestantes de forma mais eficaz.

Garanta ainda que as necessidades nutricionais da bananeira são satisfeitas ao longo do seu ciclo de vida. Especialmente macronutrientes como o azoto nas primeiras etapas do seu ciclo são fundamentais. (amarelecimento das folhas pode ser um sintoma de falta de nutrientes).

Em Portugal, a banana da Madeira é muito conhecida e produzida. Se garantir que consegue um local com bom espaço, abrigado a sul e com boas temperaturas pode também conseguir obter uma saborosa produção caseira de bananas 🙂 Já experimentou cultivar estas fruteiras tropicais?

fruteiras tropicais banana

2-Cafeeiro

Se este arbusto lenhosa sempre fez parte das suas fruteiras tropicais preferidas, saiba que pode conseguir produzi-lo em casa. Eu não sei quanto a vocês, mas eu sou grande fã de café. Dentro das principais variedades de café que são produzidas mundialmente, a coffea arábia e a coffea robusta são das mais consumidas. Se gosta de um café mais encorporpado como eu, a coffea robusta é a variedade mais adequada (e mais produtiva). Se gosta de um café mais aromatizado a coffea arabica pode-lhe dar bons resultados. Para iniciar este produção, pode optar por começar comprando grãos de café em lojas de bom café. Semeie-os a cerca de 1 cm de profundidade (em vaso ou em local definitivo) e vá regando.

Quando as plantas do cafeeiro estiveram grandes proceda à sua propagação por estacaria (através de ramos ortotrópicos ( gemas seriadas existentes ao longo do tronco do cafeeiro). A primeira produção de café pode demorar cerca de quatro anos a acontecer e a colheita pode demorar até 14 meses a ser realizada (duração do ciclo depende da variedade de cafeeiro escolhida). Quando os bagos estão prontos a serem colhidos atingem a cor vermelha. Em Portugal, pode encontrar uma produção de café na ilha Terceira.

fruteiras tropicais café
grãos de café prontos a serem colhidos

3-Abacaxi

O ananás cujo nome científico é Ananas comosus caracteriza-se por ser uma infrutescência com um sabor inconfundível. Quando o abacaxizeiro entra em produção, começa geralmente pela produção de um fruto que depois se ramifica através do talo lateral e dá origem a outros frutos. Para multiplicar este fruto, plante rebentos laterais da planta (com mais de 15 cm) no solo. Para isso retire-os da planta-mãe e espere que cicatrizem/sequem, evitando possíveis problemas de aprodrecimento. No momento da plantação, garanta que estes rebentes não fiquem totalmente enterrados. Também pode multiplicar esta planta através da sua coroa, gerando novas plantas. Há quem multiplique este planta por sementeira mas com muito menor taxa de sucesso. Há semelhança de outras fruteiras tropicais, também o ananás aprecia humidade, temperatura e luminosidade elevadas. Para executar a colheita do abacaxi faço-o apenas quando o fruto começar a ficar com uma tonalidade amarelada, cortando-o pela haste. Em Portugal a produção de ananás dos Açores é bastante conhecida. O ananás faz parte das minhas fruteiras tropicais favoritas e vocês?

4-Pitaya

Também conhecida com a  fruta do dragão, é um fruto exótico, a pitaya tem ganho muitos apreciadores do seu sabor. Com origem asiática, há cada vez mais interessados em saber mais sobre como produzir este fruto.

Com frutos muito exuberantes e ramificação verde, a pitaya caracteriza-se por ser uma planta nocturna uma vez que entra em floração durante este período do dia. Pode cultivar pitaya em vaso ou no chão, sendo que na segunda opção precisará de aplicar tutores.

Para propagar esta fruteira tropical deve retirar um galho da planta, pela extremidade que une o fruto à planta. Plante-o no local que escolheu e garanta que não o enterra em muita profundidade sob o risco de prejudicar o seu desenvolvimento. Uma vez que este fruto desenvolve muito rapidamente a sua parte radicular, poderá não ter grandes problemas no seu cultivo. Para resultados mais rápidos a propagação por estaca é o método mais eficaz. Se optar por propagar via sementeira, também é possível fazê-lo com sucesso. Basta tirar algumas sementes maduras (pontos pretos no interior do fruto) e colocá-las no solo. Porém, por sementeira demorará muito mais tempo a obter frutos.

Para garantir bons cuidados a esta fruteira, garanta que o local que escolheu para cultivar pitaya receba muito sol e seja abrigado. Embora que as raízes desta planta possam estar mais sombreadas, as restantes partes da planta devem receber bastante quantidade de sol para garantir uma floração plena.

Se mora numa região fria e com probabilidade de geada proteja as suas plantas com algum plástico, por exemplo. Dado a semelhança desta planta a um cacto deve garantir que o solo não fica encharcado dado que este planta é bastante sensível a excessos de humidade. Garante apenas as regas necessárias e um solo com uma boa drenagem. Excessos de rega pode levar á queda da flor e fruto precocemente. Dado que estas plantas podem atingir alturas expressivas não descure as podas de limpeza. Quando os frutos apresentarem tonalidade rosa ou amarela (dependendo da variedade) é um bom momento para efetuar a colheita.

Existem áreas interessantes a pitaya em Portugal, como no Algarve. Saiba mais sobre a produção nacional de pitaya aqui.

fruteiras tropicais pitaya

5-Anoneira

Confesso que não sou uma grande fã deste fruto, embora o seu consumo tenha crescido nos últimos tempos. Com uma polpa branca, a anona é conhecida pela suas propriedades nutricionais e medicinais.

Conhecida por ser uma árvore de reduzidas dimensões torna-se vantajosa por ocupar pouco espaço na sua horta ou jardim. Apresenta um sistema radicular superficial e ramificado e as suas folhas mais velhas podem-se manter até ao aparecimento dos novos rebentos. Quando ocorre o período de rebentação das novas folhas ocorre simultaneamente o início da floração. Dada as configurações das flores e pétalas desta planta, torna-se importante que se promove o aparecimento de polinizadores para facilitar a fecundação destas e promover a qualidade dos frutos. Nestes casos pode ser vantajoso recorrer à polinização natural.

Garanta condições como um local com boa exposição solar, temperaturas moderadas, humidade e solos com bom drenagem para garantir bons resultados produtivos. Para propagar esta planta pode optar pela sementeira e também por enxertia. No caso da enxertia (que oferece melhores resultados), deve garantir que a anoneira seja enxertada em porta enxerto da mesma espécie. Nos primeiros anos, não se deve descurar das podas, especialmente a poda de formação. A maturação completa dos frutos pode costuma cerca de 5 meses podendo no entanto este período estender-se. Em Portugal as maiores produções destas fruteiras tropicais localizam-se nos Açores e Madeira.

fruteiras tropicais anona

6-Abacateiro

Fruto proveniente do continente americano, o abacateiro caracteriza-se por ser uma árvore de grande porte podendo atingir acima de 25 metros de altura. Recorrem à polinização cruzada para se reproduzirem. Para saber como cultivar abacate clique aqui.

Dentro das condições edafoclimáticas mais importantes que deve garantir uma das mais importantes é proteger as plantas contra os ventos fortes. Nestes casos, pode mesmo originar a queda destes frutos. Cultive esta fruteira num local com boa exposição solar e num solo rico em matéria orgânica, com uma boa profundidade e bem drenado. Em termos de exigências nutricionais, garanta bons níveis de fósforo no solo para que o desenvolvimento radicular não fique comprometido.

As podas são também cuidados muito importantes que deve garantir de forma a estimular o desenvolvimento dos ramos laterais e remoção de ramos doentes e secos que possam interferir com o desenvolvimento da planta. Em Portugal a área total de cultivo tem crescido exponencialmente, especialmente no Algarve que representa a maior área de produção portuguesa. Também na Madeira existe uma considerável produção deste fruto tropical.

fruteiras tropicais abacate

7-Tamarilho

Os tamarilhos cujo nome científico é  Solanum betaceum,  consistem em pequenas árvores de fruto que não atingem mais de 5 metros de altura e que pertendem à família das solanáceas (tomateirosbatateiras, beringelas, physalis, entre outras). No que diz respeito às variedades destas árvores de fruto, existem variedades de  de fruto amarelo e de fruto vermelho, que são as mais populares.

Esteticamente,  frutos são parecidos com o tomate, caracterizando-se por terem forma oval e pontiaguda. O sabor dos tamarilhos também é marcante: agridoce. Pode consumi-los de diversas formas: em fresco, em sobremesas, sumos e compotas. Na ilha da Madeira, por exemplo, são utilizados na preparação da tão famosa bebida, a poncha. Como cuidados essenciais com este fruto, destaco a rega. Neste âmbito, tente regar de forma frequente para garantir que o solo fica sempre húmido, mas evite que este encharque! Por altura da Primavera,  faça uma poda para eliminar ramos secos e doentes e promover o crescimento de ramos laterais ( evitando que a árvore cresça em demasia). Relativamente à colheita, a altura ótima para colher estes frutos na sua horta ou pomar é  entre os meses de Novembro e Março. Quantos estes frutos apresentam uma cor uniforme e um pouco moles ao toque, estão no ponto. Saiba mais sobre o tamarilho aqui.

Tendo em consideração que este fruto é originário do continente africano, aprecia ambientes quentes e húmidos embora que já existem muitos casos bem sucedidos de produções nacionais deste fruto no litoral e centro do país. Chamo apenas a atenção que o tamarilho pode sofrer com o frio e geadas frequentes no inverno, perdendo a folha. No estado adulto, as plantas do tamarilho entram em frutificação nos meses de Inverno, de Outubro e Novembro.

8-Araçá

Confesso que nunca provei este fruto mas conheço várias pessoas que produzem este fruto em casa. Fruteira subtropical e com origem no Brasil, entra em floração em Portugal de Junho a dezembro e a colheita pode ser realizada de Setembro a Março. Com flores brancas que possuem muitos estames dão origem a pequenos frutos arredondados com uma polpa bastante doce e com sumo. Já vi araçás vermelhos e amarelos embora os vermelhos sejam mais bonitos (para mim).

Em zonas no país com invernos mais rigoroso os araçás comportam-se muito bem, suportando bem as geadas. O método de propagação por sementeira costuma ser dos mais utilizado para cultivar araçás. Para utilizar esta via, retire as sementes dos frutos maduros, lave-as e seque-as. Depois, coloque as sementes no solo a uma profundidade reduzida. Não regue em excesso após esta operação. A germinação é um bocadinho lenta podendo demorar cerca de 40 dias.

Assim que as plântulas atinjam cerca de 50cm pode transplantá-las para local definitivo regando de seguida. Felizmente os araçás não são muito exigentes em cuidados, embora que não deva descurá-los. As podas de formação são muito importantes nestas fruteiras tropicais de forma a eliminar os ramos mortos, rebentos mal inseridos e promover ainda o arejamento.

9-Physalis

Há quem conheça este fruto por fisális, alquenquenje, cereja-de-judeu, lanterna chinesa, tomate-de-capuz, capuchinhos ou até mesmo por tomate-silvestre. O que é certo é que a fisális tem vindo a ganhar cada vez mais popularidade e por essa razão, existem cada vez mais pessoas interessadas em saber como cultivar fisális com sucesso.

Physalis peruviana L., pertence à família das Solanáceas tais como o tomate ou a beringela e possuí uma espécie de um invólucro semelhante a uma lanterna, razão pela qual muitas pessoas dizem que um “presente embrulhado”.

Nutricionalmente estes frutos são muito ricos em carotenoides, ferro, fósforo e vitaminas A e C. Quem já provou este fruto, semelhante a pequenas bagas redondas alaranjadas, facilmente identifica um sabor ácido bastante característico.

Os frutos são protegidos por sépalas, que se assemelham a folhas, e que são facilmente identificáveis por serem delicadas estruturas secas. Saiba como cultivar physalis aqui.

Antes de cultivar fisális deve ter em consideração quais as condições ambientais favoráveis para esta cultura se desenvolver adequadamente. Destaco algumas das principais: solos bem drenados e ricos em matéria orgânica, clima sub-tropical ou temperado, temperaturas ótimas entre 14 e os 25 ºC, exposição solar de semi-sombra ou sol direto, entre outros.

O tipo de solos é um das condições ambientais que deve ter em maior atenção visto que a fisális gosta de solos franco-arenosos, ricos em matéria orgânica e com um pH ligeiramente ácido. No entanto, a fisális também se adapta bem a solos pobres embora não seja a sua condição preferencial. A fisális não gosta de solos demasiado encharcados pelo que deve ter esse factor em consideração. Evite cultivar fisális em locais onde anteriormente estiveram cultivadas culturas da mesma família a que a fisális pertence (solanáceas) tais como o tomate, pimento, beringela ou batata.

Esta planta de origem tropical dá-se perfeitamente bem em Portugal. Na maioria dos casos as sementes são transportadas pelos pássaros e posteriormente acabam por nascer plantas deste fruto onde estas caem. Esta planta tem uma capacidade de adaptação muito boa caracterizando-se por na Primavera dar-se a rebentação da planta depois de um inverno mais rigoroso.

fruteiras tropicais

10-Mangueira

A mangueira (Mangifera indica) é uma árvore de folha peren, com origem no continente asiático. Para cultivar manga em Portugal deve garantir um local com uma boa exposição solar e solos areno-argilosos.

Para ter bons resultados deve cultivar esta fruteira tropical em zonas nacionais com climas mais quente possíveis de encontrar nas ilhas ou no Algarve desde que abrigados dos ventos e geadas ou em estufas com boa exposição solar.

Na maioria dos casos, a propagação das mangueiras é feita por estaquia e por enxertia de forma a garantir a obtenção de plantas iguais às originais. Embora se possa propagar por semente, este método não é tão eficaz. Nos climas mais frios proteja estas fruteiras com uma manta térmica.

O período de amadurecimentos destes frutos ocorrer no final do verão embora esta fase possa variar consoante os microclimas e regiões do país. O ideal é que se proceda à colheita destes frutos apenas quando estes se encontram maduros de forma a garantir uma qualidade superior.

Quais destas fruteiras tropicais já experimentou cultivar em casa? Quais gostou mais?

acientistaagricola
acientistaagricolahttp://acientistaagricola.pt
Olá, sou a Rosa. Nasci e cresci em meio rural e desde cedo percebi o que queria fazer para o resto da vida. Mais tarde, quando entrei no ensino superior tornei-me Técnica Superior do Ambiente e Agrónoma, áreas que sempre me fascinaram. Este blog é mais do que um projecto pessoal...é  o culminar de duas paixões: a escrita e as ciências ambientais e agrárias. Este é um local de encontro entre todos aqueles que partilham destas mesmas paixões. 

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