Desenvolvido no âmbito do Projeto PortugalFoods_Qualifica, a iniciativa “Embalagem: Tendências e Oportunidades” coloca o foco na relação do consumidor com a embalagem, debatendo e analisando aspetos que incluem a funcionalidade, a oportunidade para o consumo, a confiança e, até, a emocionalidade associada a produtos e marcas.
Maia, 1 de junho de 2021 – O mundo mudou a partir do ano de 2020. Realidades urgentes, deram origem a transformações quase imediatas e isso refletiu-se também nos comportamentos dos consumidores a nível global. A mudança de comportamentos, de estilos de vida, de hábitos de consumo e um novo entendimento sobre o impacto do consumo no planeta são oportunidades de desenvolvimento daquele que é um dos aspetos fundamentais de qualquer produto: a Embalagem.
Ainda que possa ser pouco considerada por alguns, a realidade é que a embalagem é o primeiro contacto físico de qualquer produto com o consumidor. Soluções funcionais, que se apresentem com formatos que privilegiem comodidade e conveniência (em função e em preço) e que transmitam valores intrínsecos (como os relacionados com a ação responsável das marcas) são oportunidade para conquistar a atenção do consumidor e fazer mudar a sua decisão no momento da compra.
O valor acrescentado que a embalagem pode gerar
Qualidade, segurança e preço devem ser dados adquiridos na apresentação de produtos para os consumidores pós-pandemia. Se o sentimento de segurança e a qualidade são inquestionáveis e o preço um dos fatores determinantes no momento de decisão, a embalagem pode acrescentar valor a esta equação. O entendimento do consumidor mudou e a embalagem encerra em si a capacidade de transmitir os valores de segurança, conveniência e acessibilidade de preço.
No entanto, além destes critérios primários, que o consumidor privilegia nos produtos elementares, continuam a existir os desejos mais indulgentes, os aspiracionais. Nesses, o consumidor está disposto a investir mais um pouco, desde que lhes reconheça as qualidades que aumentam o seu valor no momento da decisão, por exemplo, através de embalagens que permitam uma maior durabilidade dos produtos, uma melhor preservação ou arrumação.
As oportunidades para responder às motivações e necessidades do consumidor passam por novos modelos de apresentação do produto no ponto de venda e pelos formatos económicos, destacando igualmente os atributos de segurança e higiene. Não são de desconsiderar os atributos relacionados com a responsabilidade ambiental das embalagens e seus formatos.
O passado recente levou os consumidores a adotarem novos comportamentos, por opção ou por necessidade. Durante a pandemia o consumo centrou-se muito nos produtos essenciais, pelo que existe uma apetência latente por produtos que aumentem o sentimento de satisfação pessoal, de recompensa. Por esses, o consumidor estará disposto a entregar um pouco mais, desde que reconheça o valor do produto face ao seu preço. Uma das formas de evidenciar este valor é na embalagem.
A embalagem como primeiro ponto físico de contacto entre consumidor e produto
O bem-estar é uma das principais preocupações dos consumidores, bem-estar físico e mental/emocional, o que dá às marcas a oportunidade de desenvolverem soluções de embalagem que permitam aos consumidores um sentimento de maior segurança em relação a possíveis contágios.
A embalagem desempenha um papel significativo na forma como os consumidores encaram a higiene e segurança dos produtos que levam para as suas casas e para as suas famílias. A preocupação com o contágio continuará a motivar a aposta na inovação, com novos materiais e novas estruturas de embalagem.
A embalagem tem aqui um papel fundamental na medida em que transporta um sentido de segurança física e emocional. Física porque mantém íntegros os produtos para a sua função, e emocional porque pode ter a possibilidade de, através de soluções inovadoras na usabilidade, transmitir uma maior segurança em relação aos receios mais eminentes neste período de pandemia.
Este sentimento de segurança é também uma tendência de futuro. A expectativa é que as embalagens apresentem, de forma mais generalizada, características antivirais e sistemas de verificação de origem e produtor através de tecnologias como blockchain.
A embalagem assumirá cada vez mais o papel de mensageiro para a diferenciação entre marcas e, principalmente, para tornar evidentes os valores próprios que respondem às preocupações e aspirações dos consumidores. Esta é também uma oportunidade. A capacidade de usar a embalagem como um meio para estabelecer e construir uma relação com o consumidor, não só através das mensagens que partilha, mas também através das funções que apresenta.
Sustentabilidade versus Responsabilidade
Já não basta ter um discurso sobre sustentabilidade. Cada vez mais, o consumidor quer conhecer o comportamento das marcas relativamente à sua atividade, aos seus produtos e também em relação às embalagens. A visão holística da responsabilidade que evidencia os valores da ética, qualidade e localidade dentro do contexto global e enquadrado no definido pelo conceito de sustentabilidade (ambiental, social e económica).
A consciência das marcas relativamente ao nível de frustração dos consumidores sobre, por exemplo, a falta de transparência e a omissão, é uma oportunidade para melhorar e a embalagem é um dos meios para o conseguir. Embalagens responsáveis, que são produzidas, transportadas e eliminadas de forma responsável têm maior probabilidade de serem escolhidas no linear. No entanto, esta tendência será tanto mais verificável quanto o princípio da responsabilidade se aplicar a toda a atividade da marca.
O desconhecimento e a falta de informação são ainda uma constante na mente dos consumidores e isso gera insegurança. No entanto, a ligação entre as opções de consumo e as alterações climáticas é cada vez evidente para os consumidores e isso trará alterações às decisões de compra.
Melhor informação e sinalética e comunicação mais eficazes nas embalagens são aspetos que os consumidores valorizarão cada vez mais e que serão preponderantes no momento da compra.