Fonte do artigo: Agricultura e Mar
Epitrix da batateira. Uma praga que destrói o rendimento do agricultor. O que é esta praga? Como prevenir e controlar?
Segundo Miguel Teixeira, da Direcção Regional de Agricultura da Madeira, o epitrix pode atacar a batateira em todas as fases do seu desenvolvimento. Os sintomas da presença verificam-se ao nível das folhas e dos tubérculos. Os adultos alimentam-se da folhagem, provocando pequenos orifícios que conferem um aspecto crivado miudinho às folhas. Estes estragos normalmente não afectam o desenvolvimento da planta nem a formação dos tubérculos. Porém, em ataques severos, provocam perda de rendimento da cultura. No final do Outono, os adultos entram em diapausa, para passar o Inverno no solo.
Após a eclosão dos ovos, as larvas dirigem-se para as raízes, onde completam o seu desenvolvimento, danificando as raízes e a superfície dos tubérculos, que ficam marcados por sulcos estreitos e sinuosos.
Nos tubérculos, podem ser facilmente observadas galerias subepidérmicas, com traçado sinuoso em forma de arabescos, causadas pela alimentação das larvas, o principal estrago com impacto económico, dado que, além de deteriorarem o aspecto do produto, propiciam o aparecimento de podridões, acrescenta Miguel Teixeira.
Desvalorização comercial da batata
Já a Porbatata – Associação da Batata de Portugal acrescenta que o Epitrix papa é um pequeno coleóptero crisomelídeo pertencente à família das álticas ou “pulguinhas”. É uma espécie exótica, tendo sido identificada em Portugal pela primeira vez em 2008.
E salienta que o Epitrix cucumeris foi outra espécie também identificada, que apresenta uma morfologia e biologia semelhante ao Epitrix papa, mas cujos estragos nos tubérculos não são conhecidos. As larvas causam estragos nos tubérculos, formando galerias sinuosas, contribuindo para a desvalorização comercial da batata.
Controlo
Refere ainda a Associação da Batata de Portugal que o controlo desta praga “baseia-se fundamentalmente numa estratégia preventiva, cujo objectivo é o de impedir o repouso de adultos hibernantes, reduzindo a população de um ano para o outro.
Assim e com vista a controlar precocemente o aparecimento da praga nos campos de produção de batata, “deve-se proceder à monitorização das bordaduras das parcelas, de modo a visualizar sintomas da presença de adultos em plantas e infestantes tais como figueiras do inferno, erva moira e proceder à detecção de sintomas nas folhas das batateiras”, dizem os técnicos da Porbatata.
E frisam que, uma “outra estratégia de luta é através da utilização de medidas culturais que diminuam a propagação da praga, como sendo a rotação com culturas não solanáceas, a limpeza dos campos, a eliminação de restos da cultura de batata e infestantes no final da cultura e o método equivalente à escovagem/lavagem para remoção de terra aderente aos tubérculos, numa tolerância de 0,1%, uma vez que, de acordo com o seu ciclo biológico, esta praga é disseminada fundamentalmente através de terra agregada aos tubérculos”.
Luta química
Para a Porbatata, outro método de controlo é a luta química, quando se evidencia a presença de grandes populações e o recurso à luta cultural não está a ser suficiente, podendo-se recorrer a tratamentos com produtos insecticidas homologados para o efeito, como sendo as substâncias activas acetamiprida e a tiaclopride.
O Controlo dos Serviços oficiais é feito junto da DRAP através do Registo oficial de produtores ou Organização, do Registo oficial de campos, da Inspecção dos campos pelos serviços oficiais e do uso do Passaporte fitossanitário.
A praga
Segundo a DRAP Centro — Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, na sequência da detecção de Epitrix similares e Epitrix cucumeris na cultura da batateira em Portugal e com vista a impedir a sua dispersão a zonas da comunidade europeia livres deste organismo através do comércio de batata (consumo ou semente), foi aprovada a Decisão da Comissão 2012/270/UE de 16 de Maio sobre medidas de emergência para controlo de Epitrix sp.
Esta praga, dado o seu ciclo biológico, pode ser disseminada essencialmente através de terra aderente aos tubérculos, pelo que as medidas estabelecidas na decisão para expedição para fora de zonas demarcadas, isto é, para zonas livres do insecto, incidem particularmente na exigência de lavagem, escovagem ou método equivalente que conduza à remoção de terra, cuja tolerância é de 0,1%.
Por forma a controlar a praga no território nacional torna-se ainda necessário aplicar medidas de contenção e/ou erradicação, as quais incluem prospecção e tratamento com produtos fitofarmacêuticos autorizados.
Por isso, a DRAP Centro elaborou um folheto através do qual pretende alertar todos os produtores de batata nacionais para a necessidade de aplicarem as medidas de controlo referidas, o qual pode consultar aqui.
E acrescenta a DRAP Centro que o controlo desta praga baseia-se principalmente numa estratégia preventiva cujo objectivo é o de impedir o repouso de adultos hibernantes durante o Inverno, reduzindo a população de um ano para outro.
Assim, como medidas preventivas destacam-se:
- Limpeza dos campos, destruição dos restos de cultura, eliminação das zorras e infestantes (potenciais abrigos de hibernação);
- Rotação com culturas não solanáceas;
- Para prevenir a dispersão da praga e caso a batata não seja para expedir para fora da zona demarcada, recomenda-se que na colheita e na comercialização sejam minimizadas as quantidades de terra aderente.