Nos últimos anos tem se verificado um crescente uso de bioestimulantes no sector agrícola sendo este aumento particularmente notado no sector hortícola. O aumento da procura por parte dos produtores agrícolas por produtos que cada vez mais naturais que contribuam para um aumento da produtividade e qualidade das culturas agrícolas parece caracterizar o caminho que a agricultura tem vindo a tomar.
Mas afinal, o que são bioestimulantes?
Apesar de ainda não ser totalmente consensual a definição de bioestimulante, entende-se globalmente que um bioestimulante é um composto derivado de substâncias naturais, contendo substâncias activas e/ou microorganismos que, quando aplicados à planta ou à rizosfera, promovem uma maior eficiência do uso de nutrientes e um incremento da tolerância a stresses bióticos e abióticos. Tal acção resulta na maior parte dos casos num aumento do rendimento final das culturas bem como numa melhoria da qualidade dos produtos que daí advém.
Mas atenção, um bioestimulante não deve ser confundido com um fertilizante nem como um agente de controlo biológico de pragas ou doenças no sector agrário! A função dos bioestimulantes não é fornecer nutrientes à planta, no entanto, estes estão envolvidos nos processos de absorção e assimilação de nutrientes.
Quais os principais efeitos dos bioestimulantes nas plantas?
São vários os efeitos benéficos descritos por vários autores relativamente ao uso de bioestimulantes nas plantas, nomeadamente:
- Auxiliam no crescimento e produtividade das culturas agrícolas;
- As plantas tornam-se mais resistentes aos stresses do meio;
- Melhoria significativa dos mecanismos de absorção e translocação dos nutrientes nas plantas, aumentando a sua biodisponibilidade.
- Melhoria da resposta da planta através de uma melhoria estrutural e funcional do solo;
Categorias dos bioestimulantes
- Extratos de algas (essencialmente algas castanhas tais como: Ascophyllum nodosum,Fucus spp., Laminaria spp., Sargassum spp., Turbinararia spp., entre outros)
Esta categoria de algas actua sobretudo no aumento de micronutrientes nas raízes e no transportes destes para a parte área da planta. Para além destas funções, actuam também na melhoria da composição dos tecidos vegetais, contribuem para a “biofortificação” através do aumento do valor nutricional (exemplo:enxofre, ferro, zinco, cobre, magnésio, etc) dos tecidos das plantas.
- Ácidos húmicos
Nesta categoria de bioestimulantes estão integrados os constituintes naturais da matéria orgânica do solo(compostos principalmente por carbono orgânico) resultam de processos de decomposição das plantas, de residuos de origem animal bem como de origem microbiana para além da actividade metabólica dos microorganismos do solo. Este tipo de bioestimulantes atuam sobretudo num incremento do comprimento e biomassa das raízes melhorando o processo de captação de nutrientes pelas mesmas, promovendo por isso uma maior eficiência agronómica.
- Hidrolisados de proteínas
Hidrolisados de proteínas(compostos essencialmente por aminóacidos) dizem respeito a misturas de aminoácidos e péptidos, obtidos por hidrolises quimicas e enzimaticas de proteinas de subprodutos agroindustriais (Fonte: Du Jardin, 2015: The Science of Plant Bioestimulants- A bibliographic analysis). Os hidrolisados de proteínas actuam sobertudo num aumento da tolerância das culturas ao stress abiótico resultando numa maior produtividade quando as plantas se encontram em condições de stress.
- Bactérias promotoras de crescimento
Fazem parte deste tipo de bactérias microorganismos funcionais com influência em áreas como o crescimento das plantas(através do fornecimento de nutrientes), indução da resistencia a doenças, aumento da tolerância a stresses abióticos ,entre outros).
Neste grupo de bactérias incluem-se os endossimbiontes do tipo Rhizobium e os rizósféricos do tipo rizobacterias promotoras de crescimento das plantas. As bacterias promotoras de crescimento quando aplicadas às culturas contribuem para o aumento da produtividade final obtida e diminuem o uso de fertilizantes.
- Outras( quitosano e outros biopolimeros)
Compostos inorganicos e fungos promotores de cresciment(Fonte: Du Jardin, 2015: The Science of Plant Bioestimulants- A bibliographic analysis).
Modo de aplicação dos bioestimulantes
Os bioestimulantes tem sido utilizados em diferentes fases do ciclo cultural, desde a fase inicial do tratamento das sementes até à sua aplicação durante o crescimento da cultura e após a colheita.
Como podem ser aplicados ?
Os biostimulantes podem ser aplicados de diversas formas entre elas:
- directamente no solo;
- em soluções via fertirrega;
- aplicação na planta via foliar;
Espécies onde tem sido aplicados os bioestimulantes
Na Europa já existem registos de ensaios onde os bioestimulantes foram aplicados, fique a conhecer alguns exemplos (Adaptado de: Du Jardin, 2015: The Science of Plant Bioestimulants- A bibliographic analysis)
Fruticultura e Viticultura:
algumas culturas: citrinos, pomóideas, prunóideas, uvas,etc..
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Hortícolas:
algumas culturas: alface, alho, batata, cenouras, couves, morango, tomate, pimento, entre outras;
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Culturas arvenses:
algumas culturas:Arroz, milho,trigo,colza,cevada,etc;
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Horticultura ornamental:
algumas culturas: plantas ornamentais, flores de corte, relvados, etc.
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Poderão os bioestimulantes serem considerados uma oportunidade de negócio para este tipo de mercado?
Com a crescente preocupação manifestada pela população relativamente ao impacto ambiental das prácticas agrícolas e a presença de resíduos químicos em alimentos provenientes do uso muitas vezes indiscriminado de pesticidas fomenta a procura por práticas agrícolas cada vez mais sustentáveis. Por essa razão, o mercado dos bioestimulantes pode crescer de forma abrupta nos próximos anos. De facto, as preocupações ambientais tem sido um problema na ordem do dia bem como a origem dos alimentos que fazem parte da nossa dieta fazem parte das preocupações de quem procura um tipo de alimentação mais clean( de onde provém o que comemos? qual o modo de produção utilizada? quais as práticas agrícolas implementadas durante todo o ciclo cultural?). A par de tudo isto, verifica-se atualmente que as empresas tem investido cada vez mais na investigação e desenvolvimento o que origina que a lista de bioestimulantes e de processos industriais para a sua produção esteja em crescendo, estando portanto perante um futuro promissor para estes novos produtos. No entanto, ainda existe um longo percurso a percorrer, pois como tudo na vida, nada é perfeito e é sobre as imperfeições dos bioestimulantes que devem incidir os próximos estudos, nomeadamente:efeitos fisiológicos, interacção com genótipos e ambiente, conteúdo de substancias ativas na máteria-prima, entre outros factores.