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Algas: saiba como tirar proveito deste recurso natural para a agricultura

 As algas são um grande e diverso grupo de seres vivos fotossintéticos, uma vez que capturam a energia solar para produzir o oxigénio que usamos para respirar, carregando consigo a importância de serem responsáveis por 50 % da produtividade fotossintética da Terra.Geralmente, associamos as algas a seres vivos que crescem em meio aquático e, de facto, a maioria habita em ambientes de água doce e salgada, mas podem ocorrer em quase todos os ecossistemas habitáveis da Terra: solo, fontes termais, desertos e até mesmo em ambientes glaciares.

Desde há muito anos que as algas são utilizadas na alimentação e suplementação humana e animal e também na produção de biocombustível. Na agricultura, as algas são um recurso renovável ​​com uma ampla gama de aplicações. Numa era em que é cada vez mais importante a criação de soluções sustentáveis que mantenham e aumentem a produtividade agrícola, as algas surgiram como uma opção bastante promissora para responder a este desafio agrícola cada vez mais urgente. No entanto, a algacultura ainda não obteve uma posição muito explorada dentro da agricultura, principalmente em Portugal, apesar dos benefícios a elas associados. Neste artigo vou falar-te sobre como tirar proveito das algas na agricultura. Sabia que as algas são usadas desde há muito tempo na agricultura como fertilizantes?  Neste artigo conhece mais sobre as algas e o seu potencial em na agricultura!

algas na agricultura

O que são algas?

 As algas são um grande e diverso grupo de seres vivos fotossintéticos, uma vez que capturam a energia solar para produzir o oxigénio que usamos para respirar, carregando consigo a importância de serem responsáveis por 50 % da produtividade fotossintética da Terra.Geralmente, associamos as algas a seres vivos que crescem em meio aquático e, de facto, a maioria habita em ambientes de água doce e salgada, mas podem ocorrer em quase todos os ecossistemas habitáveis da Terra: solo, fontes termais, desertos e até mesmo em ambientes glaciares.

 As algas são divididas em dois grupos: macroalgas e microalgas.

As macroalgas são algas grandes, tradicionalmente conhecidas como algas marinhas castanhas (Phaeophyta), vermelhas (Rhodophyta) e verdes (Chlorophyta), existindo, no entanto, outras espécies marinhas e de água doce.

 as microalgas são seres microscópicos e que podem ser encontrados como parte constituinte do fitoplâncton, em vários tipos de solo, em simbiose com fungos (os tão conhecidos líquenes) e em várias outras superfícies terrestes e aquáticas. Neste grupo também se incluem as tão famosas cianobactérias, grupo em que se insere a spirulina, sendo as únicas algas capazes de fixar azoto atmosférico.

algas na agricultura
Algas verdes

Conhece os benefícios do uso das algas na agricultura

 Muitos estudos indicam que as algas têm um conteúdo elevado de macro e microelementos necessários para o desenvolvimento das plantas.

Devido às suas propriedades benéficas quando applicadas no solo, o uso das algas na agricultura é uma prática ancestral, principalmente no cultivo de arrozais.

As algas marinhas mais utilizadas na agricultura são as algas vermelhas: Corralina mediterrânea, Jania rubens, Pterocladia pinnata; algas verdes: Cladophora dalmática, Enteromorpha intestinalis, Ulva lactuca e algas castanhas: Ascophyllum nodosum, Ecklonia maxima, Saragassum spp. Tal como os fertilizantes químicos, as algas fornecem carbono orgânico aos solos, uma vez que o incorporam na sua biomassa, através da fotossíntese, melhorando a agregação e estabilidade do solo. Esta é uma propriedade bastante relevante, pois a falta de carbono orgânico no solo é uma das maiores causas de perda de qualidade e fertilidade do solo. No caso particular das cianobactérias, a sua capacidade singular em fixar azoto e solubilizar o fósforo, aumentando a disponibilidade destes nutrientes no solo, torna-as de particular interesse para a agricultura, já que o azoto é um dos nutrientes mais limitantes no solo.

Cladophora dalmática

Além disso, as algas promovem o crescimento de microrganismos que transformam os nutrientes do solo indisponíveis para as plantas em formas disponíveis. As algas produzem polissacarídeos que quando incorporados no solo induzem o crescimento de outros microrganismos e aumentam a atividade de enzimas do solo que participam da liberação de nutrientes requeridos pelas plantas.

 Para além de melhorarem a fertilidade do solo, as algas são capazes de contribuir para o crescimento e proteção das plantas oferecendo uma independência no uso de fertilizantes e pesticidas químicos. As algas, produzem substâncias bioativas que influenciam positivamente o crescimento das plantas e também libertam fitoquímicos que ajudam no controlo de pestes e patogénicos. Por exemplo, as algas marinhas castanhas (Ascophyllum nodosum) produzem um polissacarídeo chamado laminarina que é conhecido por ativar a defesa natural das plantas contra contaminação fúngica, bacteriana e vírica (DOI: 10.1007/978-981-16-7080-0_2). Outros estudos realizados com as algas marinhas em macieiras (Malus domestica) demonstraram que estas foram capazes de estimular a germinação e defender as plantas de fungos (pôr o estudo).

 Outro facto interessante associado especialmente às cianobactérias é a sua capacidade de produzir de lodo e mucilagem. Como algumas cianobactérias vivem em junção com as raízes das plantas este lodo ou mucilagem dispersa-se e dissolve-se parcialmente no solo fornecendo nutrientes e despoletando a defesa das plantas contra ataques excretam. É também conhecida a capacidade deste grupo de microrganismos em remover metais pesados durante seu crescimento em ambiente/águas poluídas.

Outra das vantagens do uso das algas na agricultura é a melhoria das propriedades físicas do solo onde são aplicadas. As algas são capazes de segregar substâncias poliméricas extracelulares que ajudam a agregação do solo melhorando a sua estrutura, evitando erosão e permitindo uma melhor retenção de água no solo.

como usar algas na agricultura

O uso das algas também é muito importante para a recuperação de nutrientes de efluentes, gerando biomassa de algas em efluentes ricos em nutrientes, principalmente azoto e fósforo, e reciclando esses nutrientes de volta ao solo quando usadas para a produção agrícola.

 Como aplicar as algas na agricultura

 As algas são um recurso que bastante coveniente aplicação. Mais concretamente, a biomassa das algas pode ser aplicada de diferentes formas como indicado na imagem abaixo.

Em França, era muito comum o espalhamento de algas inteiras (sargaço) nos campos para preparar a plantação de couve-flor, alcachofra, batata ou árvores de fruto, pois a biomassa das algas é decomposta e convertida em nutrientes específicos para o solo, nomeadamente carbono, azoto e fósforo.

No entanto, a aplicação de algas marinhas na agricultura é maioritariamente feita sob a forma líquida. O efeito positivo dos fertilizantes líquidos é, principalmente pela maior concentração e biodisponibilidade dos compostos de interesse. Estes produtos podem ser aplicados nos campos através de pulverização foliar ou diretamente no solo e também por imersão das sementes no extrato líquido.

 Na agricultura, há uma preocupação crescente de que a poluição ambiental causada pelo desequilíbrio de nutrientes e uso excessivo de fertilizantes químicos e pesticidas esteja direta ou indiretamente relacionada a problemas de saúde humana. Desta forma os diversos efeitos positivos que a biomassa de algas (ou compostos por elas produzidos) têm em solos e plantas torna-as um potencial bastante sustentável e promissor. Evidências crescentes sustentam que as algas são fontes adequadas para o desenvolvimento de vários bioprodutos para a agricultura:

 

  • Biofertilizantes (Biomassa de algas que serve de alimento aos microrganismos que melhoram a disponibilidade dos minerais no solo);
  • Fertilizantes orgânicos (Biomassa de algas como fonte de nutrientes);
  • Bioestimulantes
  • Agentes de biocontrolo contra pragas e patogénicos;

Artigo adaptado do

https://doi.org/10.1016/j.algal.2021.102200 

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