Autor do artigo:
Mário Picoto Pereira, Engenheiro da Produção Animal
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APROVEITAMENTO DE SUBPRODUTOS DA INDUSTRIA ALIMENTAR PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL
AVEIA
“Eis um teste para saberes se terminaste a tua missão na Terra: se estás vivo, não a terminaste.” (Richard Bach).
Entender a economia circular como uma missão geradora de mais rendimento, respeitando as leis da sustentabilidade, aproveitando todos os produtos até ao produto principal. Será esta a lógica do futuro que nos espera, fazer muito com pouco, gerar qualidade fazendo diferente. Deste modo seguimos para mais um produto que origina vários subprodutos que podem gerar uma mais valor, a Aveia.
A Aveia, Avena Sativa, foi sempre uma escolha na alimentação de ruminantes e de equinos, com exceção na alimentação de suínos e de aves, devido ao seu elevado conteúdo em fibra e baixo valor energético.
O valor nutritivo da Aveia depende da sua relação entre a casca e o grão. A Aveia com alto conteúdo de casca é mais rica em fibra bruta e tem um menor valor de energia metabolizável, comparando com Aveia com menos casca.
Proteína Bruta da Aveia
- Varia entre 70 a 150g/ kg de matéria sólida (MS);
- Aumenta com a aplicação de fertilizantes azotados;
- A proteína da aveia é de baixa qualidade, sendo deficiente nos aminoácidos essenciais;
- O aminoácido mais abundante é o ácido glutâmico, que pode chegar aos 200g/ kg.
Hidratos de carbono
Em comparação com outros cereais, o conteúdo em hidratos de carbono da aveia é superior, encontrando no endosperma cerca de 60%. Estes hidratos são ricos em ácidos gordos insaturados.
MS g/Kg | Fibra Bruta (FB) | Proteína Bruta (PB) |
860 | 105 | 109 |
Tabela 1. Breve composição nutritiva da Aveia.
Subprodutos da Aveia
Durante a preparação comercial de farinha de Aveia, para consumo humano, pode-se obter uma série de subprodutos para alimentação animal.
Processos dessa transformação
Ao receber a Aveia, na indústria transformadora, separam-se as várias sementes misturadas nesse lote, que podem ser sementes de outros cereais, sementes de infestantes ou mesmo ervas infestantes.
Continuando o processo, a aveia é limpa e calibrada. A limpeza começa com vapor, para inativar a enzima Lipasa, que se encontra localizada quase exclusivamente no pericarpo do cereal (relembro que é a zona da casca). Após o ultimo processo, a aveia é seca e descascada, para depois os grãos serem polidos.
Os principais subprodutos da produção de farinha de aveia são a Casca, o pó de aveia, e farinha de sementes. As cascas são o subproduto mais abundante (cerca de 70% do total), formado por cascas e alguns fragmentos de grãos.
A casca tem muito baixo valor nutritivo, no entanto é um alimento de qualidade superior, comparando com a palha de aveia. O conteúdo em proteína é baixo (aproximadamente 30g/ kg MS). O conteúdo em fibra bruta é aproximadamente 350 a 380 g/ kg MS), o que torna este produto fraco para monogástricos.
O pó de aveia é rico em material procedente do grão. O conteúdo em proteína é cerca de 100g/Kg MS.
A farinha de sementes é formada por “lâminas” de cascas e fragmentos de grão, em quantidades idênticas.
Resumindo, todas as espécies pecuárias apresentam melhores ou piores adaptações a certos alimentos. Cada alimento mais apto para ser consumido por uma dada espécie deve ser analisado antes da administração.
Cabe ao Homem saber aproveitar este tipo de subprodutos e interliga-los entre si e adaptá-los à espécie, poupando recursos, dinheiro e aumentando o valor desses mesmos alimentos, gerando fontes seguras de rendimento.