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Como Escolher o Melhor Corretivo de Solo: Guia para Iniciantes

preparação da horta no inverno calagem

No universo da agricultura, especialmente quando estamos a começar, é fácil deixarmo-nos entusiasmar com sementes bonitas, adubos orgânicos e sistemas de rega. No entanto, há algo fundamental que muitas vezes passa despercebido: o solo.

Antes de qualquer cultivo, é essencial entender como está o teu solo e o que ele precisa para se tornar fértil e equilibrado. É aqui que entram os corretivos de solo— aliados silenciosos, mas essenciais, para quem quer cultivar com sucesso.

Este artigo vai ajudar-te a compreender o que são corretivos de solo, quando devem ser usados e como escolher o mais adequado, sempre com uma abordagem clara e prática.bCurioso(a) para saber mais sobre o tema?

O que são corretivos de solo?

Corretivos de solo são produtos ou materiais aplicados com o objetivo de melhorar as condições químicas, físicas ou biológicas do solo.

Enquanto os fertilizantes alimentam as plantas diretamente, os corretivos atuam na base de tudo: o solo em si, ajudando a corrigir problemas como:

Acidez ou alcalinidade em excesso (pH desequilibrado);
Excesso de alumínio, que pode ser tóxico para as plantas;
Deficiência de cálcio e magnésio;
Compactação ou estrutura pobre;
Problemas relacionados com a salinidade.

Na prática, os corretivos criam um ambiente mais favorável ao desenvolvimento das raízes, à absorção de nutrientes e à atividade biológica natural do solo.

 

Por que devo corrigir o solo?

Um solo saudável é mais do que “terra para plantar”. Ele é um sistema vivo que sustenta as plantas, abriga microrganismos benéficos e mantém um equilíbrio delicado de água, ar e nutrientes.

Quando o solo está desequilibrado — por exemplo, muito ácido —, os nutrientes essenciais tornam-se indisponíveis para as raízes. E o pior: podem surgir elementos tóxicos, como o alumínio solúvel, que danificam o desenvolvimento das culturas.

Assim, ao corrigires o solo:

Estás a aumentar a fertilidade natural;
A melhorar a estrutura física, facilitando o crescimento das raízes;
A estimular a vida no solo, o que favorece a saúde global da tua horta ou pomar.

Etapa 1: Fazer uma análise de solo

Antes de aplicares qualquer tipo de corretivo, deves sempre começar com uma análise de solo. É impossível escolher corretamente um produto sem saber o que o solo realmente precisa.

Em Portugal, podes recorrer a laboratórios especializados, cooperativas agrícolas ou engenheiros agrónomos para realizar a análise. Este exame fornece dados importantes como:

pH do solo (nível de acidez ou alcalinidade);
Teores de nutrientes principais (fósforo, potássio, cálcio, magnésio);
Teor de alumínio trocável, que pode ser tóxico em solos ácidos;
Matéria orgânica e capacidade de troca de catiões (CTC), um indicador da capacidade do solo de armazenar e trocar nutrientes.

💡 Nota importante: Uma análise de solo é um pequeno investimento com um enorme retorno. Evita erros, desperdícios e resultados abaixo do esperado.

Etapa 2: Compreender o pH e a sua importância

O pH do solo é uma das variáveis mais importantes a ter em conta. Ele influencia diretamente a disponibilidade de nutrientes para as plantas.

A escala do pH vai de 0 a 14:

pH abaixo de 6 → solo ácido;
pH entre 6 e 7 → solo ideal para a maioria das culturas hortícolas;
pH acima de 7 → solo alcalino.

Solos muito ácidos inibem a absorção de nutrientes como fósforo, cálcio e magnésio, e favorecem a toxicidade do alumínio.
Por outro lado, solos muito alcalinos podem bloquear o ferro, o zinco e outros micronutrientes.

Etapa 3: Conhecer os principais tipos de corretivos

Consoante os resultados da análise, existem diferentes tipos de corretivos que podes utilizar.

1. Calcário agrícola

É o corretivo mais utilizado para reduzir a acidez do solo, aumentando o pH.

Existem dois tipos principais:

Calcário calcítico – rico em cálcio (Ca);
Calcário dolomítico – rico em cálcio e magnésio (Mg).

A escolha entre os dois depende das necessidades específicas do solo. Se a análise indicar deficiência de magnésio, opta pelo dolomítico.

O calcário ajuda a neutralizar a acidez e, com o tempo, eleva o pH do solo. O ideal é fazer uma análise do solo para saber exatamente quanto calcário usar, já que a dose depende das características do solo. Recomendo o calcário da BiocalSaber mais aqui.

Calcário da Biocal

2. Gesso agrícola (sulfato de cálcio)

É indicado quando há teores elevados de alumínio nas camadas mais profundas do solo.
Não altera o pH, mas melhora a estrutura e a profundidade de enraizamento.

É um excelente complemento ao calcário em situações de compactação ou acidez em profundidade. É importante também ter em conta que embora não altere diretamente o pH do solo, o gesso agrícola atua como um complemento importante à calagem, melhorando as características químicas nas camadas mais profundas do solo.

3. Matéria orgânica

Composto orgânico, estrume bem curtido, húmus de minhoca… todos estes materiais contribuem para a correção biológica e estrutural do solo.

Os materiais orgânicos contribuem para:

Aumentam a capacidade de retenção de água;
Estimulam a atividade biológica do solo;
Favorecem a estabilização gradual do pH.

👉 Idealmente, deves combinar o uso de corretivos minerais com matéria orgânica, para um resultado mais equilibrado e duradouro.

4. Cinzas de madeira

As cinzas, quando provenientes de madeira natural (sem vernizes ou tintas), podem atuar como corretivo leve, ajudando a elevar ligeiramente o pH e fornecendo cálcio e potássio.

Devem ser usadas com moderação, pois o uso excessivo pode alcalinizar demasiado o solo.

Etapa 4: Como aplicar corretamente o corretivo?

A aplicação correta faz toda a diferença nos resultados. Partilho abaixo um passo a passo simples que podes seguir para aplicar corretamente o composto:

1. Espalha o corretivo de forma uniforme sobre a área a corrigir.
2. Incorpora ao solo, preferencialmente entre 10 a 20 cm de profundidade (com enxada, sachola ou motocultivador).
3. Faz a aplicação com antecedência, idealmente 2 a 3 meses antes da plantação.
4. Evita misturar com fertilizantes químicos na mesma aplicação, para não comprometer a eficácia de ambos.
5. Volta a analisar o solo a cada 2 ou 3 anos, especialmente se cultivares com frequência.

Etapa 5: Acompanhar os efeitos e ajustar

Depois de aplicares o corretivo, observa o desenvolvimento das plantas:

Há sinais de melhoria no crescimento?
As folhas estão mais verdes e vigorosas?
As raízes estão a desenvolver-se melhor?

A natureza é dinâmica, e o solo também. Com o tempo, vais aprender a “ler” os sinais da terra e das plantas, ajustando as práticas conforme necessário.

Corrigir o solo é investir na base da tua produção

Escolher o corretivo certo e aplicá-lo de forma adequada é um gesto de cuidado e inteligência agrícola.
Mais do que uma prática técnica, é uma forma de respeitar e compreender os ciclos da natureza, construindo uma horta ou pomar mais saudável, produtivo e sustentável.

Lembra-te: solo corrigido é solo com futuro. E toda boa colheita começa com um solo bem preparado.

Artigo escrito em parceria com a Biocal

 

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