Artigo adaptado da Circular nº 02 de 2021, da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.
Esta circular, bem como edições anteriores, pode também ser consultada e descarregada em
1 – http://portal.drapnorte.gov.pt/servico/fitossanidade/avisos-agricolas
MÍLDIO DO BUXO
Cylindrocladium buxicula
O maior risco de contaminação ocorre nos períodos húmidos da primavera e do outono. Em áreas mais próximas do litoral, de clima mais ameno e húmido, constatamos que o fungo se mantém ativo durante o inverno, obrigando à aplicação de tratamentos fungicidas.
O prolongado período de chuvas que atravessamos, é propício ao desenvolvimento da doença. Vigie as plantas para detetar possíveis ataques neste período. À medida que as temperaturas se elevarem, possivelmente redobrarão de intensidade os ataques deste fungo, que já tem levado à destruição de inúmeras plantas na Região. Míldio e traça do buxo têm concorrido para o declínio e perda de grande número de plantas e de conjuntos ornamentais de elevado valor.
Embora em Portugal não estejam homologados fungicidas para o míldio do buxo, numerosos ensaios mostram a eficácia de diversos produtos no combate a esta doença: clortalonil, difenoconazol, epoxiconazol, procloraz, boscalide+piraclostrobina e cresoxime-metilo. A eventual aplicação de fungicidas só terá êxito se for acompanhada de medidas preventivas. Mulching (estilha, palha traçada) a cobrir o solo debaixo das plantas, ajuda a reduzir os salpicos de chuva, causa importante de infeção pelo fungo. Varra e retire regularmente as folhas secas com sintomas de míldio, caídas no chão.
Ao regar, deve-se evitar molhar a folhagem do buxo (não usar aspersores, por exemplo).
Fazer adubações com poucas quantidades de azoto, para evitar rebentação muito exuberante de folhas, visto que a doença ataca os rebentos mais tenros.
Aparar ligeiramente as sebes, procurar reduzir a ramagem interior, sem afetar o valor estético da planta, melhorando o arejamento. Só se devem aparar as sebes e outras formas de buxo com tempo seco prolongado. Desinfetar regularmente os instrumentos de corte utilizados, de preferência com hipoclorito de sódio (lixívia vulgar, na proporção de 1 parte de lixivia para 9 de água). Esta solução tem um forte poder antissético em bactérias e fungos. Possui ainda, uma enérgica ação de lavagem, removendo microrganismos, sendo, por isso, uma boa solução para lavagem de instrumentos de corte e outros.
Substitua as plantas de buxo ou plante novos conjuntos a partir de material das suas próprias plantas sãs (mantenha sempre um viveiro para o efeito, plantando estacaria colhida nos seus próprios buxos).
O diagnóstico precoce da doença permite uma intervenção rápida e eficaz no seu tratamento e para evitar a transmissão.
Como o fungo não mata as raízes, pode-se tentar recuperar as plantas muito danificadas, fazendo uma poda de todos os ramos mortos, adubando e regando, de modo a estimular o lançamento de novas folhas. Todos os ramos cortados e folhas secas com sintomas da doença, devem ser retirados do interior das plantas e da sua proximidade e queimados.
TRAÇA DO BUXO
Cydalima perspectalis
Observámos no Porto, no dia 12 deste mês, o reinício da atividade alimentar das larvas hibernantes desta praga. Nos dias seguintes, confirmamos o reinício de atividade também noutras localidades, do litoral e do interior da Região.
As larvas da traça do buxo são muito vorazes e desenvolvem-se rapidamente. Se não forem combatidas, depressa levam à destruição das plantas de buxo, como a realidade tem mostrado em Portugal e por toda a Europa, invadida por esta praga exótica.
Verificamos que nalguns casos, em 3 dias, as plantas são totalmente devoradas e ficam quase sem folhas, podendo provocar uma impressionante morbilidade e mortalidade.
Observe os seus buxos e assim que detetar as larvas em atividade, aplique um inseticida. Faça por atingir muito bem as plantas à superfície e no interior da vegetação. O único inseticida homologado para o combate a esta praga é à base de Bacillus thuringiensis (TUREX). Este produto deve ser aplicado com tempo seco e com previsão de não chover nos 8 a 10 dias seguintes, para não ser lavado pela chuva.
Observe os seus buxos e assim que detetar as larvas em atividade, aplique um inseticida. Faça por atingir muito bem as plantas à superfície e no interior da vegetação. Tenha em conta que um só tratamento não resolverá o problema duma vez. Será necessário fazer outros, durante o ano, porque a praga pode ter pelo menos 3 gerações até ao outono.
Chamamos a atenção dos responsáveis pelos conjuntos de buxos de valor botânico, histórico e patrimonial, públicos e privados, para a gravidade da situação e para a possibilidade real da destruição irremediável deste património.
Acompanhe as informações que formos divulgando e tome todas as medidas de defesa disponíveis.
A eficácia dos tratamentos com Bacillus thuringiensis (TUREX) aumenta quando se junta à calda uma quantidade de açúcar variável (por exemplo, 3 a 5 kg/ 100 litros de calda). Os tratamentos com estes produtos devem ser feitos em períodos que não haja previsão de chuva (o ótimo é que não chova nos 8 a 10 dias seguintes ao tratamento, para não lavar o produto).