Autor do artigo: Sara Sousa, Agroop
Elevado acesso a financiamento público para produtores agrícolas e excelente qualidade e segurança alimentar são apenas algumas das áreas em Portugal que se destaca no panorama mundial agroalimentar.As revelações são do Índice Global de Segurança Alimentar de 2018, publicado em outubro pelo The Economist Intelligence Unit (EIU), com apoio da DowDuPont.
O estudo analisou 113 países de todo o mundo no que toca à segurança alimentar, isto é, “o estado em que as pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico, social e económico a alimentação suficiente e nutritiva que preenche as necessidades dietárias para uma vida ativa e saudável,” explica o EIU.
E Portugal destaca-se. No ranking global, o país surge no 19º lugar, à frente de nações como Espanha, Itália ou Israel. (A Singapura, a Irlanda, o Reino Unido e os EUA ficaram no topo.)
O Índice Global de Segurança Alimentar tem como base dados nacionais e de organizações internacionais, como o Banco Mundial, a FAO e o FMI, assim como estimativas da EIU.
Portugal com nota máxima no acesso a fundos públicos
Um dos indicadores onde Portugal conseguiu o primeiro lugar, tendo obtido 100 pontos, foi o acesso a financiamento para produtores agrícolas.
Mas não foi o único – quase todos os países desenvolvidos conseguiram a mesma nota.
Este indicador é definido pelos autores como “uma medida da disponibilidade do financiamento a produtores agrícolas proveniente do setor público.” Abarca tanto “a quantidade de fundos disponíveis” como “o crédito e os seguros.”
As alterações climáticas vêm aí – e Portugal é dos mais preparados
Num ranking especial, que avalia a resiliência dos países face às alterações climáticas, Portugal ficou colocado em 10º lugar, tendo subido dois pontos face ao ano passado. Ficou à frente de países como os EUA, o Canadá, o Reino Unido e a Noruega.
Este ranking avalia a exposição de um país ao impacto negativo da seca, das cheias e dos efeitos das tempestades; a qualidade da água e do solo; legislação para prevenção de desastres; os esforços do país para adotar uma agricultura capaz de se adaptar ao clima (climate-smart agriculture); entre outros.
País é número um na qualidade e segurança alimentar
No ranking que avalia a qualidade e segurança alimentar, Portugal situou-se em primeiro lugar, com 87,3 pontos. Em segundo lugar ficou a França, com 86,5 pontos.
Este indicador mede a “variedade e qualidade nutricional da dieta média, assim como a segurança dos alimentos,” lê-se no estudo.
Portugal destaca-se principalmente nos padrões nutricionais, subindicador que mede “o compromisso dos governos a melhorar os padrões de nutrição”; na qualidade da proteína; na diversificação das dietas; e na existência de “intervenção para garantir segurança e saúde dos alimentos.”
Há falta de investimento na inovação agrícola
Se há área em que Portugal somou poucos pontos, é a de pesquisa e desenvolvimento na agricultura.
Aqui, o país fica-se pela nota de 12,5, o que equivale à posição número 34 deste ranking. Esta é mesmo uma área que os autores do estudo identificam como sendo um “desafio” para Portugal.
Segundo os autores, “os gastos em pesquisa e desenvolvimento agrícola são um indicador de inovação agrícola e [do uso de] tecnologia que aumenta a eficiência do mercado.”
Outro indicador que influencia a segurança alimentar é o PIB per capita – quanto mais rendimento os cidadãos têm, mais alimento podem comprar – e, aqui, Portugal também fica aquém, segundo os autores. O país ficou no 30.º lugar, atrás de nações como Espanha ou Itália.