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Manual de Boas Práticas de Fruticultura no pessegueiro. Leia aqui

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Fonte: Agricultura e Mar

O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) já publicou o 10º fascículo do Manual de Boas Práticas de Fruticultura. É o resultado da colaboração do Pólo do INIAV de Alcobaça com a revista Frutas, Legumes e Flores. E desta vez é dedicado ao pessegueiro, tendo sido elaborado pela Professora Maria Paula Simões, da Escola Superior Agrária de Castelo Branco. Um trabalho que conta com a colaboração do COTR — Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio.

Diz Maria Paula Simões, neste Manual. que o pessegueiro (Prunus Persica (L.) Batsch) é uma planta frutícola, da família das Rosáceas e subfamília das prunóideas, sendo “a característica determinante desta subfamília o fruto ser uma drupa, vulgarmente também designado por fruto de caroço e que se caracteriza por ter um epicarpo fino (pele), um mesocarpo carnudo (polpa) e um endocarpo lenhoso (caroço), dentro do qual podemos encontrar uma a duas sementes. Pertencem às prunóideas a cerejeira, a ameixeira, a amendoeira, a ginjeira e o damasqueiro. Os pêssegos são frutos grandes, sumarentos, aromáticos e refrescantes, com elevado teor em potássio. É uma fruta de Verão”.

Condições edafoclimáticas

Acrescenta aquela Professora que, em termos de exigências edáficas a principal exigência do pessegueiro é a boa drenagem dos solos, pois é muito sensível ao encharcamento. Prefere solos de textura ligeira, mas férteis. Os solos argilosos e com má drenagem levam ao aparecimento de asfixia radicular e morte das plantas. Devido ao elevado vigor das plantas e a grande capacidade de crescimento, a fertilidade do solo deve ser conjugada com o vigor do porta-enxerto a utilizar, para obter plantas equilibradas e tirar partido das condições edáficas.

Em termos climáticos, o pessegueiro é considerado uma espécie com baixa necessidade de horas de frio, mas apresenta elevada diversidade nesse aspecto, entre 400 horas a 1000 horas (Velarde, 2003), sendo uma linha do melhoramento a obtenção de cultivares com baixa necessidade de horas de frio, de modo a permitir o seu cultivo em zonas subtropicais, expandindo a área de cultivo desta cultura (Layne e Bassi, 2008).

É uma planta heliófila, que necessita de sol e calor. É sensível às geadas tardias, pelo que deverá ter-se em consideração que a data média da última geada de uma região seja sempre mais cedo que a data de floração das cultivares a utilizar. Para zonas com geadas mais tardias dever-se-á seleccionar cultivares com data de plena floração mais tardia.

Manutenção do solo

Na gestão de um pomar é considerada manutenção do solo o conjunto de operações culturais que se realizam ao nível do solo e que apresentam como objectivo principal o controlo do desenvolvimento das infestantes ou mesmo a sua eliminação (Simões, 2016c), diz aquela Professora.

E adianta que o sistema mais comum utilizado em pomares é um sistema misto constituído por solo nu não mobilizado na linha (conseguido através da aplicação de herbicidas) e solo enrelvado na entrelinha, sendo que o enrelvamento pode ser obtido só por vegetação espontânea ou semeado. A eliminação das infestantes na linha das plantas é particularmente importante no primeiro ciclo vegetativo após a plantação, pois as jovens plantas apresentam uma taxa de crescimento menor que as infestantes.

“Uma técnica dispendiosa, mas com resultados positivos no controlo das infestantes e no crescimento das plantas é a utilização de cobertura da linha com filmes. Podem utilizar-se plásticos com cores distintas, com vantagens na economia de água por redução da evaporação”.

Diz ainda Maria Paula Simões que a utilização de uma manta fabricada a partir de desperdícios da indústria têxtil (Manta Ecoblanket) (Simões et al., 2017c), permitiu verificar que, para além do controlo das infestantes, a manta reduz a amplitude térmica ao nível do solo e conserva maior teor de humidade no primeiro ciclo vegetativo das plantas.

O efeito da manta na temperatura e humidade do solo foi menor quando o desenvolvimento da copa das plantas era suficiente para fazer ensombramento da linha, o que ocorre após o 3º ciclo vegetativo. Num futuro de previsível escassez de água e quando se pretende uma agricultura mais sustentável, maior ênfase devia ser dada à utilização de coberturas do solo para controlo das infestantes.

Pode ler o 10º fascículo do Manual de Boas Práticas de Fruticultura aqui.

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