Autora do artigo: Rosa Moreira, promotora do blog A Cientista Agrícola
A importância da rega na agricultura
A rega tem por finalidade fornecer ao solo, nos momentos mais convenientes, as quantidades de água necessárias à obtenção da humidade do solo mais adequada ao desenvolvimento das plantas cultivadas. Conheça neste artigo os principais métodos de rega utilizados na agricultura.
Métodos de rega: gestão eficiente da água
Em matéria de gestão da rega, o uso mais eficiente da água em agricultura requer um conhecimento adequado das caraterísticas do solo e das necessidades hídricas das culturas. Por seu turno, o principal fator a considerar na estimativa dessas necessidades é a evapotranspiração da cultura, conceito que integra as quantidades de água transpiradas pelas plantas e evaporadas a partir do solo. A intensidade da evapotranspiração das culturas depende de fatores ligados ao clima (humidade relativa do ar, insolação, vento e temperatura) e à própria cultura (dimensão da planta, percentagem de cobertura do solo, fase do desenvolvimento vegetativo). O solo, não tendo influência direta na evapotranspiração, influencia a escolha do intervalo de tempo entre regas e o cálculo da dose de rega (volume de água a aplicar em cada rega). O solo pode ainda condicionar a eficiência de rega, sobretudo se esta não for conduzida com os cuidados necessários.
As necessidades de água para a rega são estimadas através do balanço hídrico do solo cultivado. Para tal, considera-se que:
- as necessidades de água são satisfeitas: (i) pela precipitação; (ii) pela reserva de água do solo; (iii) pela ascensão capilar;
- as saídas de água correspondem a: (i) evapotranspiração cultural; (ii) percolação para as camadas do solo abaixo da zona radicular; (iii) perdas por escorrimento.
Quando associadas ao processo da rega, as perdas de água por percolação ou escorrimento são consideradas como ineficiências, ou seja, desperdício. Dependendo do método de rega e da técnica do regante, tais ineficiências podem e devem ser minimizadas, embora nunca anuladas.
As necessidades de água que visam compensar a diferença entre a precipitação e a evapotranspiração da cultura são designadas por necessidades úteis. Para a estimativa das necessidades hídricas totais da cultura, as necessidades úteis deverão ser majoradas pela eficiência de rega e, quando haja que controlar a salinidade do solo, pela aplicação adicional de um dado volume de água, designado por fração de lavagem.
Diferenciam se essencialmente pela forma como a água é aplicada ao solo:
- Rega de superfície (gravidade)
- Rega por aspersão
- Rega localizada (microrrega)
1.Rega de superfície (gravidade)
A água escorre à superfície do solo e vai-se infiltrando. Escorrimento condicionado pela geometria do solo. Infiltração condicionada pelas características do solo. 80% das áreas regadas do mundo utilizam este método. Não recorre à bombagem, excepto para colocar a água à superfície do terreno. Aqui, estão incluídos os principais sistemas de rega: canteiros (processo de alagamento), sulcos e faixas (pouco usado, processo de infiltração) e regadeiras de nível (rega de lima) através do processo de infiltração.
2. Rega por aspersão
Na rega por aspersão, a água é fornecida ao solo na forma de chuva. Esta é conduzida sob pressão (implicando consumo de energia), ao longo de uma rede de tubagem até aos aspersores.
Quais os componentes de um sistema de rega por aspersão?
- Bomba, que é accionada por um motor;
- Condutas (principal e secundária);
- Rampas;
- Aspersores;
É importante referir que, existem 2 tipos de sistemas de rega por aspersão: os sistemas estacionários e os sistemas móveis. Quando falamos em sistemas estacionários estamos a falar essencialmente num sistema onde os aspersores permanecem numa posição fixa enquanto fazem a aplicação de água. Já os sistemas móveis consistem num tipo de sistema em que a água é aplicada enquanto os aspersores ou as rampas, sobre as quais estão montados, se movimentam.
3. Rega localizada (microrrega)
A rega localizada consiste num tipo de rega sob pressão em que a água é aplicada apenas nas zonas do solo em que se desenvolvem as raízes das plantas.
Quando se aborda os sistemas de rega localizada podemos classificá-los em 4 categorias, que correspondem a processos hidráulicos diferentes. Assim, dentro dos sistema de rega localizada, existem as seguintes categorias:
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Rega gota-a-gota;
Rega realizada através de gotejadores (emissores).
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Micro-aspersão;
Os emissores da água são microaspersores. Neste tipo de rega localizada, a água é pulverizada sobre a superfície do solo (como na aspersão), mas produz áreas molhadas pequenas e localizadas, com 1-5m de diâmetro.
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Rega por jorros;Os emissores da água são jorradores. A água é aplicada por impulsos a reservatórios de pequena dimensão (caldeiras) que estão localizadas à superfície do solo e adjacentes à planta (árvores).
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Rega sub-superficial;
Neste método de rega localizada, os emissores são integrados em rampas que estão enterradas abaixo da superfície do solo.
Como aumentar a eficiência da rega?
Atualmente, verifica-se que a eficiência da rega é ainda baixa desperdiçando-se água desde os canais de condução até à sua aplicação em quantidades excessivas relativamente às necessidades da cultura em desenvolvimento.
Para melhorar a produtividade do uso da água deve:
- Modificar as culturas instaladas e/ou adequar as variedades utilizadas aos métodos de rega que escolheu;
- Que tal usar e aproveitar na rega águas residuais urbanas desde que previamente e devidamente tratadas?
- Determine as necessidades hídricas da culturas antes de a instalar. Cada cultura tem necessidades hídricas específicas e esse factor faz toda a diferença.
- Opte por calendarizar a sua rega (Quando devo regar? Quais os momentos essenciais/mais críticos?)
- Escolha bem os métodos de rega. Antes de o instalar pense bem como o vai fazer e de que meios necessita. O planeamento é a palavra chave para o SUCESSO.