A castanha é um dos frutos mais emblemáticos da tradição gastronómica portuguesa. Com uma história rica e profundamente enraizada no país, a castanha desempenhou um papel vital na dieta e economia local ao longo dos séculos. Hoje, Portugal continua a ser um dos maiores produtores de castanha na Europa, com uma grande variedade de castanhas nacionais. Neste artigo, exploraremos 4 variedades de castanha nacional, cada uma com as suas características únicas e sabores distintos. Curioso(a)?
Conhece melhor este fruto
A castanha portuguesa é amplamente reconhecida internacionalmente pela sua qualidade excepcional. Não apenas pelos seus atributos organoléticos, mas também pelas suas propriedades únicas que a tornam ideal para a transformação industrial. Por trás da escolha das castanhas em Portugal, há ciência e considerações que impactam o sabor, a produção local e, não menos importante, a economia do país.
Portugal assume um papel de destaque na produção de castanha, sendo o segundo maior produtor na Europa e o quarto no mundo. Mais de um terço da castanha produzida no país é exportada, tornando-a o segundo fruto mais exportado, seguindo apenas a pêra Rocha.
Uma característica distintiva da produção de castanha em Portugal é a ênfase nas variedades autóctones pertencentes à espécie de castanheiro europeu (Castanea sativa). Embora existam espécies de castanheiros oriundas do Japão e China que sejam resistentes a pragas e doenças, essas variedades estrangeiras produzem castanhas grandes, mas com menos sabor. Em contrapartida, as variedades autóctones como a Castanha Côta, Martaínha e Longal, oferecem sabores únicos e autênticos que refletem a riqueza da tradição portuguesa.
No entanto, observa-se uma mudança gradual na produção, à medida que variedades tradicionais são substituídas por híbridas, tornando a identificação desses híbridos desafiadora.
A produção de castanha nacional concentra-se principalmente na região Norte de Portugal, representando a esmagadora maioria da área de produção e produção total. Quatro regiões demarcadas com Denominação de Origem Protegida (DOP) foram estabelecidas em Portugal, destacando variedades como Longal, Judia, Cota e Martaínha.
Para valorizar a Castanha Portuguesa, é crucial que os consumidores possam distinguir as diferentes variedades e suas características. No entanto, a falta de conhecimento do consumidor muitas vezes leva a uma preferência baseada apenas no tamanho, o que pode comprometer as variedades autóctones, mais pequenas, mas de qualidade superior.
4 variedades de castanha nacional que vai querer conhecer
1-Longal
Quando se fala em castanhas em Portugal, a mente muitas vezes se volta para a região de Trás-os-Montes, onde os soutos são abundantes e a tradição de cultivar e colher castanhas é venerada. É nessa terra misteriosa que encontramos uma variedade especial de castanha nacional chamada Longal, um verdadeiro tesouro entre as castanhas de Portugal.
Trás-os-Montes é conhecida por ser a terra das castanhas, e é lá que encontramos várias variedades protegidas sob o selo de Denominação de Origem Protegida (DOP). Entre todas as variedades, duas destacam-se, cada uma com suas características únicas: a Castanha Judia e a Castanha Longal.
A Castanha Judia é provavelmente a mais reconhecida, encontrada nas montras das mercearias e mercados de cidades como Porto e Lisboa. É também aquela que os assadores de castanhas escolhem para servir em cones de papel de jornal (agora substituídos por pequenos sacos de papel sem tinta). No entanto, há um segredo bem guardado: a Castanha Longal, uma castanha menor e de cor avermelhada, que oferece duas vantagens notáveis.
Em primeiro lugar, o sabor da Castanha Longal é um verdadeiro deleite para o paladar, com um gosto apurado e ligeiramente adocicado. Em segundo lugar, a casca da Longal é notavelmente fácil de retirar, tornando-a uma escolha prática para o consumo. A Longal, muitas vezes, não recebe a atenção devida devido ao seu tamanho menor. Infelizmente, muitas pessoas tendem a associar o tamanho à qualidade, o que nem sempre é verdade quando se trata de castanhas. A Longal é uma prova viva de que as melhores coisas muitas vezes vêm em embalagens pequenas.
Outra característica interessante da Castanha Longal é o seu período de maturação tardio. Diferentemente de outras variedades, a Longal só é colhida no mês de novembro, que é tradicionalmente visto como o mês dos magustos, as festas onde as castanhas são celebradas em Portugal. Ela é a estrela discreta que brilha no Dia de São Martinho, ao lado da suavidade doce de uma boa Jeropiga ou do vinho novo improvisado em água-pé, também típicos de Trás-os-Montes.
É uma pena que a Castanha Longal permaneça largamente desconhecida para o público em geral, devido à falta de informação. Esta castanha saborosa e de casca fácil deveria ser sempre a protagonista das festas de São Martinho, celebrada ao redor das fogueiras. Afinal, é um verdadeiro tesouro escondido de Trás-os-Montes que merece ser apreciado e compartilhado.
2-Judia
A Castanha nacional Judia é conhecida pelo seu tamanho médio a grande, com formas frequentemente arredondadas e robustas, o que a torna facilmente reconhecível entre as outras variedades de castanhas. A sua cor é geralmente um atrativo castanho-escuro, com uma casca resistente que protege eficazmente o fruto e é uma das razões pelas quais a Castanha Judia é frequentemente a preferida para assar nas fogueiras ou em fornos, mantendo o seu interior suculento e saboroso.
O sabor da Castanha Judia é uma das suas caraterísticas mais distintivas, sendo conhecida pelo seu sabor rico, ligeiramente adocicado e amanteigado. Quando assada ou cozida, liberta um aroma irresistível que preenche o ar com o seu perfume. A sua textura é macia e aveludada, derretendo na boca quando cozinhada, tornando-a perfeita para a preparação de doces ou simplesmente para ser consumida como um petisco durante o outono.
A versatilidade na cozinha é outra caraterística da Castanha nacionak Judia, sendo utilizada de várias formas na culinária portuguesa. Além de ser assada e consumida como um lanche tradicional, é um ingrediente fundamental em muitos pratos, como o “arroz de pato com castanhas” e a “sopa de castanhas“, devido ao seu sabor único e textura macia.
A Castanha Judia é também presença constante nas festas e celebrações tradicionais em Portugal, especialmente durante o Dia de São Martinho, quando as fogueiras são acesas e as castanhas são assadas. É frequentemente encontrada nos mercados e feiras de outono, onde é apreciada pelo seu sabor reconfortante.
3-Martaínha
A castanha Martainha é uma variedade de castanhas que tem conquistado o seu espaço como uma das principais produtoras de castanhas em Portugal. Com a sua maturação semi-precoce e castanhas de grande porte, esta variedade destaca-se no mercado devido ao seu elevado valor comercial e excelente qualidade.
Com origem no concelho de Trancoso, as castanhas Martainha são conhecidas pela sua aparência imponente e sabor excepcional. A sua maturação semi-precoce permite que sejam colhidas no momento ideal, quando estão no auge do sabor e qualidade. Esta característica é especialmente importante para satisfazer as exigências dos consumidores que procuram castanhas frescas e deliciosas.
O tamanho generoso das castanhas Martainha é um dos seus principais atrativos. Com castanhas de médio a grande porte, esta variedade oferece um rendimento significativo por fruto, o que a torna uma escolha favorita para produtores e comerciantes. Além disso, estas castanhas são particularmente valorizadas pela sua polpa suculenta e sabor doce, o que as torna ideais para consumo ao natural e para a utilização em diversas receitas culinárias.
A capacidade de conservação natural das castanhas Martainha é notável. Mantêm a sua frescura e sabor por longos períodos de tempo, o que é uma vantagem tanto para os produtores como para os consumidores. Isto significa que estas castanhas podem ser armazenadas e comercializadas ao longo de toda a temporada de outono e inverno, atendendo à crescente procura por castanhas de alta qualidade durante esses meses.
Os produtores que cultivam esta variedade seguem rigorosos padrões de produção e garantem que as suas castanhas sejam produzidas com cuidado e respeito pelo meio ambiente. Isto proporciona aos consumidores a confiança de que estão a adquirir um produto de origem genuína e comprovada
4-Côta
A castanha Côta, muitas vezes subestimada devido à sua aparência menos chamativa e tamanho moderado, revela-se como uma verdadeira joia quando se trata de assar. Mesmo que não impressione à primeira vista, esta castanha destaca-se em termos de sabor, superando a concorrência de forma incontestável.
Embora não seja a maior ou a mais vistosa, a castanha Côta compensa as suas características exteriores com uma facilidade surpreendente na hora de descascar. A sua casca solta-se com facilidade, tornando o processo de preparação uma tarefa rápida e eficiente. O prazer de degustar uma castanha Côta assada, com o seu interior macio e saboroso, é uma experiência que aquece os corações e paladares dos apreciadores desta iguaria.
Já conhecia alguma destas variedades de castanha nacional? Se sim, qual a sua favorita?
Além destas quatro variedades de castanha nacionais referidas neste artigo existem dezenas de outras variedades nacionais de excelência e extrema qualidade. Quais as suas favoritas?