Autora do artigo: Sara Sousa, Agroop
3 tendências que vão marcar a AgTech em 2019
Em 2018, o setor da AgTech – tecnologia agrícola – estava a maturar, com as tecnologias de base a melhorarem e os investidores a perceberem cada vez melhor como funciona o setor. 2019 traz consigo uma série de tendências para a indústria que já tinham começado a germinar no ano passado, mas que deverão ganhar mais tração.
Segundo o site especializado Agri Investor e o mais recente relatório sobre investimento na AgTech da Finistere Ventures, estas serão algumas das grandes tendências de tecnologia agrícola no setor em 2019.
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Crescimento da biotecnologia agrícola
As empresas deste segmento dedicam-se, sobretudo, a criar tecnologias de alteração genética com objetivo de tornar as culturas mais resistentes a doenças, mais rentáveis e com conteúdo nutricional mais elevado. Exemplos são a Indigo, que faz tratamentos para sementes, e a PivotBio, que desenvolveu um micróbio que produz nitrogénio.
Segundo o relatório de investimento da Finistere Ventures, estas empresas foram as que receberam mais investimento no ano passado, com o investimento médio a situar-se nos 25,2 milhões de dólares.
Em 2019, a tendência de crescimento deste setor deverá manter-se, de acordo com o site Agri Investor, que prevê que os alimentos alterados geneticamente comecem a ser consumidos em escala nos EUA em breve. Já a chegada deste tipo de alimento à Europa deverá ser dificultada pelo “ceticismo” da UE.
Até 2026, o mercado global de biotecnologia agrícola deverá alcançar o valor de 51,93 mil milhões de dólares, segundo a MarketWatch.
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Adoção da AgTech em países subdesenvolvidos
Segundo a FAO, os agricultores com explorações pequenas produzem até 80% dos alimentos na Ásia e na África Subsariana. Mas a sua “viabilidade económica é ameaçada pela pressão competitiva vinda da globalização,” de acordo com a organização. Estes agricultores sempre tiveram falta de acesso a conhecimento e recursos mas, segundo o Agri Investor, isso pode estar prestes a mudar.
Nos últimos anos, o acesso à Internet e a smartphones nos países em desenvolvimento tem crescido rapidamente – em 2018, 64% da população destas nações dizia usar uma destas tecnologias regularmente.
Além disso, os tempos recentes têm registado bastante atividade no setor da AgTech(tecnologia agrícola) na África e na Ásia. A Fundação Bill e Melinda Gates assinou um acordo com a UE para o investimento de 525 milhões na inovação agrícola em países africanos e sul-asiáticos e até já há quem fale da “onda de AgTech em África.”
Assim, 2019 poderá ser o ano em que se concretiza a adoção em massa das novas tecnologias agrícolas nos países subdesenvolvidos, o que permitiria aos pequenos agricultores produzirem mais e tornarem-se mais competitivos.
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O ponto de viragem para o software agrícola?
Ainda que os gigantes da tecnologia, como a IBM, a Microsoft e a Amazon, tenham feito investimentos na área da AgTech, “ainda falta ver avanços significativos na criação de um ecossistema para a agricultura,” defende o Agri Investor. Isto é: enquanto que áreas como smart homes e carros autónomos estão verdadeiramente a abanar as indústrias dos eletrodomésticos e dos automóveis, o mesmo nível generalizado de disrupção ainda não se verificou no software agrícola e agricultura de precisão.
Tal deve-se ao facto de estes setores “terem muita promessa, mas estarem ainda fragmentados, com pouca interoperabilidade e demasiado dependentes das empresa incumbentes,” ou seja, empresas que já têm quota de mercado – e que tradicionalmente são mais avessas à inovação.
Assim, a questão é: vai 2019 ser o ano em que o software agrícola e a agricultura de precisão cruzam a fronteira para alcançarem a disrupção de outras indústrias tecnológicas?
Sara Sousa | Agroop