Aproveitamento de subprodutos agroalimentares para alimentação animal
Autor do artigo:
Mário Picoto Pereira, Engenheiro da Produção Animal
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Trigo e os seus subprodutos
“No meio da confusão, encontre a simplicidade. A partir da discórdia, encontre a harmonia. No meio da dificuldade reside a oportunidade.” Albert Einstein
Desintegrando uma economia linear para uma circular tem os seus “Mas” e “Porquês”, que só podem ser explicados a partir de algumas palavras como a simplicidade, a oportunidade e, por fim, a harmonia. A sustentabilidade depende do dever de todos e, a rentabilidade de uma exploração pecuária, do seu gestor.
Hoje falemos da famosa cultura que se iniciou nas margens do Nilo, a famosa cultura do trigo. O trigo é uma espécie que pertence à família das gramíneas e ao género triticum.
Esta cultura tem uma grande importância mundial, sendo considerada uma das culturas extensivas de maior impacto na actividade agrícola mundial.
Trigo (Triticum aestivum)
O trigo (Triticum aestivum), é um cereal de composição muito variável. Pode conter entre 60 a 220 g/Kg de Matéria Seca (MS) de proteína bruta (PB), no entanto o valor normal está entre os 80 a 140 g/Kg/MS.
A sua composição em proteína varia de acordo com o clima, fertilidade do solo e a variedade;
O grão de trigo é composto aproximadamente por: 82% de endosperma, 15% de casca e 3% pelo embrião;
As proteínas mais importantes do endosperma são a prolamina e a glutelina;
O conjunto de proteínas do endosperma designam-se de Glúten;
Os principais aminoácidos existentes no glúten do trigo são o ácido glutâmico (330g/kg) e a prolina (120g/kg);
O Glúten apresenta propriedades variadas, o que vai determinar se as farinhas resultantes da sua moagem são mais ou menos indicadas para a panificação ou para a produção de bolachas
O trigo moído mais fino forma uma massa pastosa na boca e no rúmen dos animais, podendo originar problemas digestivos;
As aves são menos propícias a transtornos digestivos, no entanto não devem de receber trigo com alto teor de glúten, podendo ocorrer a formação de uma massa pastosa no papo.
Subprodutos do trigo
Na indústria da farinha, o objectivo principal é separar o endosperma da casca e do embrião.
Depois de um bom acondicionamento e limpeza, o trigo transforma-se na forma mais adequada para o tipo de farinha desejado. Neste processo, o grão poderá passar por um mecanismo de vários rolos dispostos em parelha.
Neste processo rompe-se e liberta-se a casca do endosperma, até que a farinha caía no peneiro.
O embrião ou gérmen é rico em proteína (aproximadamente 250g/ kg/ MS), pobre em fibra e uma excelente fonte de tiamina e vitamina E.
Subprodutos
Sêmea de trigo
Subproduto do fabrico da farinha obtido a partir de grãos de trigo crivados. Constituído por partículas do endosperma com fragmentos finos das camadas exteriores e alguns resíduos de grãos.
Gluten Feed de Trigo
Subproduto do fabrico de glúten e amido de trigo. Constituído por sêmea grosseira da qual foi ou não parcialmente removido o gérmen e por glúten, onde se pode adicionar pequenas quantidades de trinca de trigo.
Farinha Forrageira de Trigo
Subproduto do fabrico de farinha de trigo, obtido de grãos de trigo crivados. Constituído principalmente por fragmentos das camadas exteriores do grão e partículas do grão do qual foi retirado pouco endosperma.
Dréches e solúveis da destilação de Trigo
Subproduto da destilação do álcool obtido por secagem dos resíduos sólidos,
Alimpadura de Trigo
Resíduos da limpeza do trigo antes de ser submetido à moagem. Constituído por palhas, cascas, grãos estranhos, grãos de trigo e impurezas.
Composição química dos alimentos
A tabela 1 mostra a composição química do trigo e de alguns dos seus subprodutos principais.
TABELA 1. Composição química do trigo e subprodutos.
g/ Kg/ MS | Fibra Bruta (FB) | Proteína Bruta (PB) | |
Trigo | 860 | 26 | 124 |
Sêmea de trigo | 880 | 114 | 170 |
Farinha de trigo | 889 | 0 | 279 |