A equipa de estudantes da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança que conquistou o primeiro lugar na edição de 2023 da competição formativa 24H Agricultura Syngenta, organizada pela Associação Portuguesa de Horticultura, visitou no dia 25 de janeiro, o Centro de Investigação de Sementes Hortícolas da Syngenta em El Ejido, Almeria, estrategicamente situado no coração da maior área de produção hortícola de estufa da Europa.
O Centro de El Ejido é um dos 11 centros de investigação e desenvolvimento de sementes hortícolas da Syngenta na Europa, e está dedicado à obtenção de sementes híbridas de tomate, pimento, pepino, curgete e melão. Uma equipa multidisciplinar de 150 pessoas trabalha na obtenção de linhas parentais e na produção e avaliação de híbridos pré-comerciais.
Os estudantes portugueses visitaram vários departamentos do Centro da Syngenta de El Ejido, como o Laboratório de Patologia, o Laboratório de Qualidade, a estufa de demonstração de variedades e o departamento de limpeza e processamento de sementes, de onde saem anualmente 30 000 pequenos lotes de sementes.
Testes de firmeza do fruto no laboratório de qualidade (à esq.) e sala de processamento de semente
Por último, os estudantes visitaram uma estufa de produção comercial de pepino, do agricultor José Lopes, onde decorrem ensaios de variedades pré-comerciais da Syngenta, que são avaliadas através de fenotipagem automática, recorrendo a inteligência artificial incorporada numa aplicação móvel.
A Syngenta desenvolve sementes com real valor para o mercado, respondendo às necessidades da cadeia de valor, desde o agricultor até ao consumidor. A companhia foi pioneira na obtenção de variedades de tomate resistentes ao vírus do rugoso (ToBRFV), um problema que está a alastrar pela Europa e que pode gerar até 70% de perdas na produção.
“Fizemos um esforço imenso e após 4 anos de trabalho conseguimos incorporar resistência ao ToBRFV nas nossas variedades de tomate e lançámos as primeiras no início de 2021”, explicou José Maria Zapata, responsável pelos centros de investigação de sementes hortícolas da Syngenta no Sul da Europa. A Syngenta tem atualmente cinco variedades comerciais com resistência intermédia ao ToBRFV – Lansor, Barosor, Ibeth, Quri e Waqu – e continua a trabalhar para introduzir alta resistência a este vírus em todas as suas variedades de tomate.
Na cultura do pimento, a Syngenta é líder com o seu vasto leque de variedades resistentes ao oídio e aos nemátodes e na cultura da curgete destaca-se pelas suas variedades resistentes ao vírus de Nova Delhi (ToLCNDV). Melhorar a vida útil dos produtos e reduzir o desperdício é outra das linhas de trabalho da Syngenta, com variedades como a couve-flor Destinica, cujos floretes conservam a cor branca, desde o campo ao prato.
Para desenvolver uma nova variedade hortícola são necessários cerca de 7 anos de investigação e 1,5 milhões de euros de investimento, revelou José Maria Zapata. Apenas cerca de 10% de milhares de potenciais variedades testadas anualmente chega à fase comercial.
O Centro da Syngenta em El Ejido está certificado em Good Seed and Plant Practices (GSPP), um referencial internacional que atesta as boas práticas de higiene e qualidade na produção de semente de tomate para prevenir a infeção com a bactéria Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis (Cmm), que é a causa da maioria das infeções bacterianas em plantas de tomate em todo o mundo.
A região de Almeria, no Sul de Espanha, é conhecida como a horta da Europa, 30 000 hectares de estufas beneficiam de um microclima caracterizado por Invernos amenos, graças à sua localização entre a serra e o mar. A economia local baseia-se em explorações hortícolas familiares, com cerca de 2 hectares em média, especializadas no cultivo de espécies como pimento, tomate, pepino, curgete, em estufas passivas. A aposta na qualidade dos produtos e a organização da produção em cooperativas de grande dimensão permite aos horticultores de Almeria exportar para toda a Europa.
Visita à estufa do produtor José Lopes em Almeria, onde decorrem ensaios de variedades de pepino da Syngenta
A opinião dos estudantes
Os estudantes vencedores das 24H Agricultura Syngenta fazem o balanço da viagem a Almeria e da participação na competição formativa:
“A visita ao centro de I&D da Syngenta em Almeria proporcionou-nos uma perspetiva sobre a importância de novos conhecimentos e inovações na área da agricultura e de todo o trabalho e tempo necessários para se obterem resultados. A Syngenta é uma empresa líder e desempenha um papel crucial no campo da investigação agronómica, moldando a agricultura do futuro.
Agradeço à Syngenta pelo convite e a hospitalidade, à Associação Portuguesa de Horticultura pela excelente iniciativa de promover esta competição formativa, e a todos os patrocinadores e entidades envolvidas e, por último, à Escola Superior Agrária de Bragança por ter acolhido esta competição na sua “casa” que é também a nossa casa”, Cristiano Moisés.
“Agradeço à Syngenta e todos os seus colaboradores que nos acompanharam na nossa visita nas instalações de El Ejido pela hospitalidade e a oportunidade única. É de admirar o compromisso da Syngenta com os agricultores no acompanhamento, na inovação e na sustentabilidade em todos estes anos de investigação. Foi uma experiência muito enriquecedora e estou ansioso para partilhar os conhecimentos adquiridos e seguir as realizações e os avanços da Syngenta”, Carlos Lopes.
“A visita às instalações da Syngenta, em Almería, foi uma excelente oportunidade para conhecer a realidade da produção de sementes e de desenvolvimento de novas variedades. Em todos estes processos estão implementadas análises de controlo de qualidade do produto final, medidas de prevenção de pragas e doenças, como a instalação de sistemas de pressurização positiva à entrada das estufas, desinfeção de mãos e utilização de vestuário limpo antes de aceder ao interior das estufas.
Esta visita permitiu-me, ainda, conhecer uma realidade bem diferente de produção agrícola da em Trás-os-Montes, verificando-se que, em Almeria, predomina a agricultura em estufa, muito devido às excelentes condições de luminosidade e de clima desta região do extremo sul de Espanha”, Diogo Angélico.
“Este centro tem muita tecnologia e o que mais gostei foi da simpatia da equipa da Syngenta que nos recebeu em El Ejido. Nota-se que sabem do que falam e gostam do que fazem e isso faz com que desenvolvam produtos de qualidade de topo a nível mundial”, Miguel Sobral.