Autora do artigo: Sara Sousa, Agroop
A biodiversidade no mundo está a desaparecer, com efeitos graves para a segurança alimentar, o ambiente, a saúde e o sustento de muitas pessoas. Uma vez perdida, a biodiversidade – ou seja, “todas as espécies que suportam os nossos sistemas alimentares e sustentam as pessoas que cultivam alimentos” – não pode ser recuperada.
O aviso vem da FAO, no relatório “State of the World’s Biodiversity for Food and Agriculture.”
As tendências descobertas pela organização, com base em dados de 91 países e informação global atualizada, são preocupantes. A diversidade de plantas nos campos dos agricultores está a diminuir, há mais espécies de gado em risco de extinção e mais recursos pesqueiros estão a ser sobreexplorados.
Apenas nove culturas representam 66% da produção agrícola a nível global. E das 6000 plantas cultivadas para alimentação, “menos de 200 contribuem substancialmente para a produção de alimento.
A produção de gado à volta do mundo baseia-se em apenas 40 espécies animais, com apenas algumas a providenciarem a maioria da carne, do leite e dos ovos.
Para piorar a situação, espécies selvagens e outras espécies que contribuem para os ecosistemas – como polinizadores e inimigos naturais das pragas – estão rapidamente a desaparecer. O mesmo para ecosistemas essenciais – florestas, manguezais, pantanais, recifes de corais…
O que está a causar estas perdas?
As razões apontadas pela maioria dos países para a perda de biodiversidade são “mudanças na gestão e uso de terra e água, poluição, sobreexploração, sobrecolheita, mudanças climáticas, crescimento da população e urbanização,” diz a FAO.
No que toca a biodiversidade relacionada (como abelhas), as principais razões para os números em declínio são alterações nos habitats, desflorestação, intensificação da agricultura, entre outras.
O que se está a fazer para resolver o problema – e o que falta
80% dos países que forneceram informação para o relatório disseram usar uma ou mais práticas amigas da biodiversidade. Alguns exemplos são agricultura biológica, gestão integrada de pragas, agricultura de conservação, gestão sustentável do solo, agroecologia, etc.
No entanto, de acordo com a FAO, isto não é suficiente. Os quadros legais para conservação de biodiversidade são muitas vezes “inadequados ou insuficientes.” Assim, a organização pede aos governos que criem incentivos às práticas que favorecem a biodiversidade e que tomem medidas para resolver as causas da sua perda.
A FAO recomenda também a cooperação entre governos, agricultores, o setor privado e a sociedade civil.
Por fim, salienta, é importante suprir as falhas de informação que existem no que toca à biodiversidade relativa a alimentação e agricultura, já que muitas das espécies existentes nunca foram identificadas.