A rega revela-se uma dos principais cuidados que qualquer agricultor deve ter. Embora a precipitação seja uma ótima ajuda para suprir as necessidades hídricas não é suficiente. Com as alterações climáticas que atualmente se fazem sentir as altas temperaturas tornam-se cada vez mais expressivas e as chuvas mais raras. Isto faz com que as estações do ano não sejam tão características como antigamente e que hoje em dia o Outono e o Inverno já não sejam tão rigorosos como até então. Posto isto, neste novo artigo partilho consigo alguns dos principais truques para regar melhor as suas culturas e como pode colocar estas dicas facilmente em prática. Com que frequência deve regar? Que quantidade? Qual o método de rega mais adequado para cada tipo de solo? Como regar melhor? Todas estas perguntas irei tentar responder ao longo deste artigo.
A qualidade da rega: um fator essencial a ter em conta
A qualidade da água de rega pode condicionar e muito a colheita dos seus produtos agrícolas. Porque regar com a água da rede de abastecimento público tornaria a sua rega insuportável em termos de custos e provavelmente não seria a indicada para as suas culturas, torna-se importante arranjar outras alternativas. Caso não tenha a possibilidade de ter água do poço e/ou água do furo, torna-se essencial que armazene água da chuva utilizando recipientes para o efeito.
Caso não opte por armazenar a água da chuva para regar (que é na minha opinião das melhores opções) deve fazer uma análise à qualidade da sua sua água de rega para verificar se cumpre os parâmetros recomendados, os valores máximos admitidos e outros parâmetros de qualidade de água de rega exigidos. Ver Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de agosto
Qual o método de rega mais adequado?
Dado que o seu principal objetivo deve ser fazer uma rega otimizada e sustentável deve escolher muito bem qual o método de rega a adotar para as suas culturas. Para tornar um sistema de rega mais eficiente deve diminuir possíveis perdas de água ao longo do sistema e garantir que a água é distribuída de forma mais uniforme possível por todas as plantas.
Para garantir estes objetivos, o método de rega localizada é dos mais adequados. Pode fazê-lo regando gota-a-gota, por exemplo.
Existem porém outros métodos de rega que pode considerando para além da rega localizada. Pode optar por uma rega por superfície ou por gravidade ou ainda por uma rega por aspersão.
Como é óbvio, qualquer que seja o método de rega que escolha deve ter em consideração que todos apresentam vantagens e desvantagens. A escolha de um em deterimento de outro depende das culturas que vai produzir, condições edafoclimáticas, disponibilidade de água, etc.
Se pretender um consumo de água mais reduzido, menor evaporação da água e uma maior pureza da água opte pela rega localizada. Se pretende optar por um método de rega que tenha um custo de energia associado baixo opte por um método de rega de superfície. Se pretender um método de rega com um custo de mão de obra reduzido opte pela rega por aspersão.
Para saber mais detalhamente em que consiste cada método de rega clique aqui.
Qual a quantidade certa de água para cada cultura?
Há muita gente que rega demais, eu costumo dizer que têm excesso de zelo. Brincadeiras à parte, regar na medida certa é essencial para o sucesso de uma determinada cultura.
Regar em demasiado leva ao aparecimento de uma série de problemas como o mau desenvolvimento das culturas, asfixia das raízes, enfraquecimentos das plantas e em casos mais extremos pode levar até à sua morte.
No lado oposto, a falta de água pode provocar stress nas plantas levando ao seu atrofiamento. De facto, a falta de água leva à formação de plantas mais fibrosas, rijas e com frutos mais pequenos, por exemplo. Plantas com falta de água adquirem um aspeto murcho e pouco fresco, sinais a que deve estar atento.
Características como a profundidade máxima que as raízes conseguem atingir devem também ser tidas em conta quando se planeia uma rega.
Plantas com raízes mais profundas como o tomateiro e o milho necessitam de regas com maior débito de água e mais prolongadas do que culturas com raízes mais superficiais como a alface.
Em culturas com raízes mais profundas, a água necessita de percorrer camadas mais profundas do solo e portanto a quantidade de água a ser aplicada é maior.
Além da profundidade que as raízes atingem deve ter em conta fatores como a espécie, variedade, localização geográfica e época de cultivo para conseguir regar melhor.
Outros aspectos que deve ter em conta para regar melhor
1- Uma boa altura para regar é quando o solo se encontra seco. Tendo em conta este ponto, faça o “teste do dedo” nas camadas mais superficiais do solo e verifique o grau de humidade.
2- Deve optar por regar sempre nas alturas de menor calor do dia. Idealmente regue logo ao inicio da manhã ou no caso de temperaturas mais extremas faça uma segunda rega ao final da tarde.
3-Tenha atenção aos períodos mais críticos em que as necessidades de água sejam maiores. A fase da sementeira e transplantação são fases muito críticas nas culturas hortícolas. O período mais crítico em culturas como o tomate, brócolos, beringela, feijão-verde, curcubitáceas, pimento e morangueiros concentra-se desde a fase da floração até á formação da semente ou fruto. Falta de água nestas fases pode ser extremamente prejudicial.
4- Deve ver regularmente os sinais das plantas e caso estejam murchas deve regar de imediato.
5- A maioria das plantas deve ser regada na base junto ao caule de forma a evitar que as folhas fiquem húmidas e leve ao aparecimento de fungos prejudiciais . Culturas como as alfaces, alho-francês e couves podem ser regadas por cima desde que o sol não esteja muito forte de forma a evitar queimaduras/escaldões.
6-A textura do solo também influencia o tipo de rega e a forma como o faz. Solos arenosos necessitam de mais regas do que solos argilosos uma vez que os primeiros têm uma menor retenção de água e nutrientes.
7- Tal como abordado acima, a profundidade das raízes influencia a rega. Culturas com sistemas radiculares mais superficiais como a alface ou os morangos necessitam de mais água do que culturas com raízes mais profundas como as couves e o tomateiro. A profundidade das raízes irá originar uma maior capacidade de “ir buscar água” a camadas mais profundas do solo.
8- Regue mais lentamente de forma a garantir que o terreno absorva a água e minimize as perdas de água. Em períodos de stress hídrico regue com menos frequência, mais espaçadamente e aplique maiores quantidades de água.
Que método de rega costuma usar? Como faz para regar melhor? 🙂