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Economia Circular pode reduzir as importações de matérias-primas para a alimentação animal

A IACA – Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, é uma das entidades que leva para o terreno dois projetos de economia circular com um investimento total de mais de 928 mil euros. Trata-se do FeedValue- Potencial de utilização e valorização de subprodutos (medida L5.5) e do FertValue- Utilização de subprodutos não adequados para alimentação animal como fertilizantes orgânicos (medidaL5.1). O FeedValue visa estudar o potencial de utilização e valorização de coprodutos na produção de alimentos compostos para animais, já o FertValue tem como propósito avaliar a utilização de outro tipo de coprodutos, os não adequados para a alimentação animal, como fertilizantes orgânicos.

Estes projetos irão avaliar se determinadas matérias-primas, remanescentes de outras atividades agrícolas ou alimentares, têm as características adequadas e estão disponíveis nas quantidades suficientes para integrarem cadeias de produção industrial que permitam às empresas de produção de alimentos compostos para animais terem soluções sustentáveis, com qualidade e regularidade. Outra das expectativas é saber se a mesma produção industrial é possível para os fertilizantes orgânicos. A concretização dos projetos pode levar à diminuição da pegada ambiental da alimentação animal através da utilização de cadeias de abastecimento mais curtas, com menor impacte ambiental, e que permitam aumentar a autossuficiência nacional, diminuindo as importações. Outra das potencialidades desta iniciativa é o aumento em até 30% da utilização dos coprodutos estudados no projeto, por parte da indústria, sendo que, a concretização de todos os fatores em conjunto tem o potencial de reduzir as importações de matérias-primas para a alimentação dos animais produtores de géneros alimentícios, diminuindo a nossa dependência. 

«A necessidade e a vontade de usar mais coprodutos está perfeitamente identificada. Estes projetos vêm responder a uma dificuldade prática que é a caracterização e quantificação dos mesmos para poderem ser incluídos na produção industrial de forma sistemática. A sermos bem-sucedidos, beneficiamos a indústria, o ambiente e contribuímos para a produção de alimentos de forma sustentável» afirma Romão Braz, Presidente da IACA.

«A economia circular é uma das prioridades na União Europeia (UE), espelhada na estratégia “Do Prado ao Prato” do “Pacto Ecológico Europeu”. Uma das respostas da Indústria de Alimentação Animal Portuguesa aos desafios colocados por esta estratégia concretiza-se nestes projetos. Eles pretendem impulsionar a competitividade das empresas, ajudando-as a criar oportunidades empresariais inovadoras e sistemas de produção mais eficientes, criando, também, oportunidades de emprego local e qualificado, ou seja, contribuindo para a coesão social do nosso país.», refere Jaime Piçarra, Secretário-Geral da IACA.

Sobre o FeedValue e sobre o FertValue

O FeedValue e o FertValue são apoiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência via Terra Futura, Agenda de Inovação para a Agricultura 2030.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) é a líder de projeto, fazendo parte deste consórcio, para além da IACA, a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu (ESA-IPV), a Universidade de Aveiro, os Laboratórios Colaborativos FeedInov CoLab, Food for Sustainability e o Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Setor Agroalimentar (CNCACSA). Na UTAD e ESA-IPV serão realizados ensaios com animais, tendo em vista quantificar o efeito da inclusão na dieta dos coprodutos em estudo, nos parâmetros produtivos e emissões de metano em bovinos e ovinos; já a UA avaliará o potencial de compostos bioativos derivados de coprodutos como moduladores da fermentação ruminal e da produção de metano entérico. O FeedInov será responsável pelo mapeamento, caraterização e tratamento dos coprodutos e o F4S pelo desenvolvimento e implementação dos ensaios do FertValue, em colaboração com o FeedInov. A eles juntam-se 4 empresas e 2 pessoas singulares. As empresas são a Nutrinova-Nutrição Animal, que fará a validação das dietas para os animais e testará as formulações; a Ovargado que será o parceiro responsável pelo fabrico dos alimentos a utilizar nos ensaios previstos com os animais;  a Indumape que participará em iniciativas com diferentes parceiros do projeto, no sentido do aproveitamento de coprodutos de fruta para outras utilizações e a AgristarBio, uma empresa que desenvolveu uma tecnologia inovadora de compostagem acelerada, irá aplicar o seu conhecimento e a tecnologia desenvolvida na produção de fertilizantes orgânicos, reciclando todo o carbono e nutrientes e gerando zero emissões e zero subprodutos. Já as pessoas singulares, André Silva e Sérgio Alves, dois jovens agricultores com atividade na produção de bovinos e na produção de forragens e silagens, testarão a aplicação dos fertilizantes orgânicos, produzidos a partir dos coprodutos.

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