Autora do artigo: Mafalda Reis Pereira, Engenheira Agrónoma
Fitoterapia – Conceito e evolução
A fitoterapia é o estudo dos efeitos medicinais das plantas e da sua utilização no tratamento e cura de doenças.Trata-se de um dos sistemas terapêuticos mais antigos do mundo, baseando-se inicialmente numa extensa recolha de conhecimento empírico utilizado e difundido pelas populações ao longo de várias gerações. Existem registos na Índia, com mais de 4 mil anos de sistemas de cura baseados em fitoterapia. Também na China se encontram registos detalhados de plantas medicinais a partir de 1700 A.C. A sua disseminação pelo Egito, Grécia e Roma permitiu a divulgação na Europa de técnicas utilizadas durante séculos.
Fonte da imagem: ideias em blog – WordPress.com
Foi a partir do século XIX que a fitoterapia teve maior avanço devido ao progresso científico na área da química, o que permitiu analisar, identificar e separar os princípios ativos das plantas. Nos anos 60 do séc. XX surge novamente um maior interesse pela fitoterapia, através da implementação de novas pesquisas e da formulação de novas formas farmacêuticas mais elaboradas. No entanto, nem todos os mecanismos de ação dos componentes das plantas são integralmente compreendidos. De facto, existe uma grande quantidade de plantas e de princípios ativos cuja ação se desconhece, assim como se desconhece a ação sinérgica com que parecem atuar os diferentes constituintes das plantas de grande complexidade.
Atualmente, a fitoterapia tem sido muito procurada pelas poucas contraindicações e efeitos secundários que acarreta e sobretudo porque as matérias-primas provêm da natureza e são facilmente manipuladas.
Fonte da imagem: Rádio Web UFPA
A ação terapêutica de várias plantas está perfeitamente comprovada e a utilização de plantas medicinais de forma apropriada vem ao encontro das proposições da Organização Mundial de Saúde (OMS), que reconhece esta prática como recurso terapêutico muito útil nos programas de cuidados primários de saúde, podendo ter um papel profilático na saúde das populações.
A forma mais simples de fitoterapia consiste na ingestão de infusões de ervas, feito de partes de plantas secas (folhas, caules, raízes, cascas e sementes). Para além disso existem ainda à venda comprimidos / cápsulas, xaropes, elixires, pomadas, tinturas alcoólicas, óleos essenciais (aromaterapia), vinagres entre outros produtos. A maior parte das ervas atua num ou em vários órgãos e várias podem complementar-se ou incompatibilizar-se entre si.
Fonte da imagem: Bora Viver Bem
Para que serve a fitoterapia?
Os fins deste método medicinal são inúmeros pois são diversas as propriedades que se encontram nas plantas, tais como, propriedades anti-bacterianas, anti-fúngicas, anti-flatulentas, adaptogénicas, sedativas, calmantes, tonificantes, fortificantes, estimulantes, etc.
A fitoterapia pode utilizar algas, bolbos, raízes, flores, cascas, sementes e folhas para o tratamento de diversas doenças crónicas como alergia, asma, cistite, depressão, problemas digestivos, nevralgia, problemas menstruais, dificuldade respiratória, problemas de pele, tensão e infeções virais.
As plantas são ainda ideais para serem utilizadas na resolução de casos como nervos, ansiedade, stress, peso digestivo, perturbações do sono, excesso de peso, hepatite, reumatismo, colesterol, varizes, constipações e bronquites.A fitoterapia é ainda utilizada como uma componente fundamental para programas de tratamentos anti idade e de emagrecimento.
Fonte da imagem: EaD PLUS
Geralmente, não existem efeitos secundários na utilização de medicamentos de fitoterapia. Contudo, aconselha-se sempre uma consulta com um fitoterapeuta credenciado. Esta é uma opção natural que, administrada nas doses corretas, estimula as defesas naturais do organismo, sem o prejudicar, revelando resultados eficazes e duradouros.
Salienta-se que a fitoterapia não pretende de forma alguma substituir a medicina tradicional, podendo mesmo ser utilizada de forma complementar noutros tratamentos. Deste modo, as plantas são utilizadas sobretudo para prevenir e/ou ajudar a controlar algumas doenças, aliviando alguns sintomas. Os fitoterapeutas têm uma abordagem holística, visando o bem-estar e o equilíbrio do organismo.
Fonte da imagem: Alto Astral
Onde posso ter acesso a este método?
Este método de tratamento é disponibilizado por clínicas especializadas e o preço das consultas e sessões varia. À semelhança do que acontece com várias outras terapias, também com a fitoterapia deve ser consultado um terapeuta com formação e experiência na área. Este profissional deve ter em conta o quadro clínico do paciente para que possa aconselhar de forma cuidada e segura quais as plantas medicinais ou tratamento a aplicar.
Os produtos à base de plantas medicinais e terapêuticas podem ser adquiridos em algumas farmácias, ervanárias e lojas de bem-estar. Em termos de preço, os produtos apresentam custos acessíveis.
Fonte da imagem: ECTS | Escola de Ciências e Tecnologias da Saúde – Universidade Lusófona
Benefícios da fitoterapia
Um dos maiores benefícios deste método é a forma natural com que a fitoterapia é utilizada. A fitoterapia possui ainda a vantagem de ser mais acessível economicamente para o utente que a escolhe como tratamento e não requer a prescrição de uma receita médica.
Para além disso, quando aplicada de forma cuidada, a fitoterapia oferece um risco inferior de dependência e também menor risco de efeitos secundários face aos medicamentos convencionais.
A manipulação das ervas medicinais é fácil de efetuar, e na maioria dos casos as embalagens destes produtos incluem as regras de utilização facilitando a sua toma.
Fonte da imagem:Portal do Professor – Mec
Desvantagens da fitoterapia
Ao optar pela fitoterapia deve sempre seguir rigorosamente as indicações do seu terapeuta. Existem alguns grupos que têm um risco mais elevado caso não o façam como pessoas hipertensas, mulheres grávidas ou pessoas com maior propensão a desenvolver alergias.
A demora na obtenção de resultados através do uso desta terapia é considerada também uma desvantagem, uma vez que a fitoterapia só demonstra resultados após alguns meses de tratamento.
Um outro aspeto que muitas vezes é referido como uma desvantagem é o facto de perante má utilização das plantas estas se tornem uma ameaça a saúde de quem as utiliza. Para que a utilização da fitoterapia seja segura recomenda-se que se respeite a dose recomendada de cada espécie para que não haja interação com outros medicamentos, que se consulte anteriormente um especialista da área (especialmente se a utilização desta prática envolver crianças) e em caso de cirurgia deve igualmente consultar um profissional qualificado para evitar a interferência de algumas plantas na anestesia.
A utilização desta terapia em mulheres que se encontrem nos três primeiros meses de gravidez pode ser também desaconselhada devido ao risco de se utilizar alguma espécie de planta medicinal que possa ser tóxica ou provocar má formação do feto.
Fonte da imagem: Dicas de Saúde
Precauções e segurança
As tomas recomendadas não devem ser excedidas e em caso de gravidez, amamentação, toma de algum medicamento ou na existência de doença, o conselho médico ou do técnico de saúde é importante antes da toma de alguma planta.
Garantia de Qualidade
Atualmente a fitoterapia baseia-se em estudos científicos tão rigorosos como os efetuados para os medicamentos convencionais e com os mesmos critérios de qualidade, de eficácia e de segurança. Deixou, por isso, de se basear apenas na utilização tradicional das plantas.Existe ainda um conjunto de requisitos (legislação própria) que um produto utilizado em fitoterapia deve cumprir de forma a poder ser aprovado para venda no mercado, com o principal objetivo de garantir o bem-estar e segurança do consumidor.
Os pré-requisitos para garantir a qualidade num medicamento à base de plantas passam pelo processo de padronização, que começa durante o cultivo da planta fresca, continuando através de processos de produção validados para resultar num produto que contém os constituintes da planta fresca numa composição estável.
O lugar da fitoterapia na medicina moderna
Enquanto terapia complementar a Fitoterapia não pode ser vista como substituta ou mesmo alternativa à medicina tradicional, mas antes como complementar, potenciadora ou auxiliadora das terapias convencionais. Existem muitos exemplos na medicina em que as terapias tradicionais podem beneficiar seja por via da prevenção ou da eficácia dos tratamentos como em termos de melhoria do bem-estar do paciente.