Autor do artigo: Agricultura e Mar
A ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, esteve hoje,20 de Novembro, na inauguração da Nova Agrovouga, em Aveiro. A governante começou por alertar que é “com grande entusiasmo” que constata “que há vontade de encontrar alternativas e novas soluções. Alternativas e soluções inovadoras, com base no conhecimento e no desenvolvimento tecnológico, capazes de promover a eficiência, de responder aos desafios ambientais e económicos. Criando, desta forma, alicerces para construir o futuro de um sector que esteve sempre de portas abertas à inovação”.
Durante a sessão de encerramento da Conferência sobre “Eco Sustentabilidade no Sector Leiteiro”, Maria do Céu Albuquerque afirmou que a agricultura “tem procurado responder às novas prioridades, aos novos desafios, às novas exigências. E isto é muito visível no sector leiteiro que tem sabido adaptar-se e contribuir para uma produção mais sustentável, inovadora e competitiva. O sector leiteiro tem um peso bastante relevante na economia nacional, sendo que o valor da produção de leite representa cerca de 9% do valor da produção agrícola (2018), tendo sido registado, nos últimos anos (2009-2016), um aumento do valor da produção de leite de 18%, acima do crescimento médio no sector agrícola”.
Portugal auto-suficiente na produção de leite
A ministra da Agricultura lembrou que “falamos de um sector que soube adaptar-se e crescer em profissionalismo, que conseguiu promover a redução de custos de produção, satisfazer as exigências de qualidade e bem-estar animal, permitindo que Portugal seja auto-suficiente na produção de leite, com um grau de auto-aprovisionamento sectorial dos produtos lácteos na ordem de 93%, subindo esse valor para 107,7% no caso do leite”.
Neste sentido, Maria do Céu Albuquerque não quis deixar de falar da bio-economia circular: “É uma oportunidade que identificamos no nosso programa de Governo e que queremos aliar à agricultura nacional. É uma oportunidade que encontra aqui terreno fértil para crescer. Diríamos que se trata de um imperativo que pode ajudar a transformar dificuldades e problemas em desafios superados. No actual contexto, marcado pelos efeitos inerentes às alterações climáticas, acreditamos que este poderá ser um dos caminhos para conseguirmos harmonizar uma agricultura inserida nos mercados com uma agricultura capaz de assegurar uma alimentação saudável e uma utilização sustentável dos recursos naturais. Isto promovendo o sequestro de carbono nos solos, a biodiversidade e um maior equilíbrio no nosso território”, sustentou.
Sustentabilidade ambiental
“Por isso, não temos dúvidas: impõe-se uma aposta contínua, e sempre reforçada, numa agricultura que consiga contribuir para a sustentabilidade ambiental, económica e social”, salientou também Maria do Céu Albuquerque que, neste contexto, lembrou os objectivos do Governo relacionados com os desafios que se colocam também a este sector, como por exemplo: “promover a valorização dos serviços e dos ecossistemas, a adequada gestão e conservação dos solos e o aumento da área agrícola em modo biológico; promover a adopção de práticas que conduzam a um aumento do teor de matéria orgânica e à melhoria da estrutura do solo; fomentar a agricultura e a pecuária de precisão, com uma gestão eficiente da energia, dos consumos de água e uma aplicação eficiente de fertilizantes; promover o aumento do uso de fertilizantes orgânicos e reduzir progressivamente o uso de fertilizantes sintéticos; apoiar a investigação, desenvolvimento e implementação de tecnologias mitigadoras da emissão de gases do efeito estufa, associada à alimentação animal; promover soluções integradas de tratamento dos efluentes agropecuários, associadas à recuperação de biogás para produção de energia; promover a incorporação de fontes de energia renovável na actividade agrícola; apoiar a inovação e as redes colaborativas de agricultores para a transição energética e a descarbonização do sector; apostar em estratégias de apoio a uma dieta saudável, bem como de apoio à produção local e à agricultura familiar, fomentando a produção e consumo de proximidade”.
Investimento
Antes de terminar a sua intervenção, a ministra da Agricultura reforçou que há um “olhar atento” sobre este sector: “Prova desse olhar atento são os apoios ao investimento nas explorações agrícolas e agro-indústria no sector do leite e produtos lácteos definidos no âmbito do PDR 2020 que, até à data, prevê atribuir 50 milhões de euros de apoio neste âmbito, representando cerca de 116 milhões de investimento. Note-se ainda que, no contexto dos pagamentos directos, existe também o Prémio à vaca leiteira que abrange cerca de 151 mil animais e que representa um montante de 12, 5 milhões de euros/ano”.
Assim, Maria do Céu Albuquerque afirma que é também preciso defender uma Política Agrícola Comum pós-2020 mais justa e inclusiva: “Uma PAC que salvaguarde a manutenção da actividade produtiva em todo o nosso território, assegurando a resiliência agrícola, a ocupação e vitalidade das zonas rurais; Uma PAC que incentive o desenvolvimento de uma agricultura eficiente e inovadora, capaz de garantir relações equilibradas para os agricultores na cadeia alimentar e de satisfazer as necessidades alimentares e nutricionais dos cidadãos; E, claro está, uma PAC que tenha como prioridade a conservação dos recursos naturais, bem como uma resposta concertada para a mitigação e adaptação às alterações climáticas”.