Autora do artigo: Sara Sousa, Agroop
Um estudo recente da Corteva Agriscience revela que as mulheres que trabalham na agricultura percecionam a discriminação de género como um fenómeno generalizado na indústria.
O estudo foi realizado em 17 países de quatro continentes. Foram entrevistadas 4157 mulheres entre os 29 e 41 anos que trabalhavam principalmente em produção vegetal, mas também em agropecuária, consultoria agronómica e venda de produtos agrícolas.
Igualdade de género na agricultura: um ideal que ainda está longe
A maioria das inquiridas considera que ainda persiste discriminação contra as mulheres na agricultura. A perceção é mais forte em certos países, como a Índia, onde 78% das mulheres diz haver discriminação. Nos EUA, 52% das inquiridas disse o mesmo.
Esta perceção refere-se tanto a “discriminação ativa como desigualdades estruturais como oportunidades de educação diferentes e a necessidade de equilibrarem o seu trabalho agrícola com o seu papel de prestadora de cuidados na família,” dizem os autores do estudo.
62% das mulheres acredita que a discriminação contra as mulheres tem diminuído nos últimos 10 anos. Mas 31% diz que a situação se mantém igual ou, mesmo, que piorou. Apenas 42% considera que tem as mesmas oportunidades que os homens.
Uma percentagem significativa, 38%, disse que o rendimento que faz com a agricultura é insuficiente para suprir as necessidades da família.
A maioria tem esperança que a situação melhore com o passar do tempo, mas considera que a igualdade total vai demorar muito tempo a concretizar-se.
O que impede a igualdade de género na agricultura?
As participantes no estudo identificaram três principais obstáculos à igualdade de género na indústria.
A primeira é a diferença nos rendimentos: 37% dizem que ganham menos que os seus pares masculinos.
Seguem-se as oportunidades de obter financiamento: 36% das mulheres dizem que têm menos acesso a financiamento do que os homens.
Por fim, o acesso a tecnologia agrícola e formação nesta área é outro problema. Muitas mulheres consideram que têm menos acesso aos mesmos do que os homens.
Como resolver a situação? Para as respondentes, a solução passaria por melhor treino em tecnologia agrícola, melhor acesso a educação académica, proteção e apoio para mulheres que sofrem discriminação, criar consciência do papel das mulheres na agricultura e consciencializar o público sobre os impactos negativos da discriminação de género.