Terça-feira, Março 19, 2024

Rotação de culturas agrícolas: porque são tão importantes?

Rotação de culturas na agricultura: uma prática indispensável

A rotação de culturas agrícolas é uma prática na agricultura cada vez mais utilizada pelos agricultores e profissionais do sector. Os benefícios desta técnica agroecológica são amplamente conhecidos . Pelo contrário,o cultivo de uma única cultura (monocultura) explora do solo apenas os nutrientes essenciais à mesma. Como desvantagens óbvias, verifica-se o desequilíbrio das suas reservas nutricionais ao longo do tempo.

Mudança na agricultura: A adubação química deve passar para segundo plano

Verifica-se atualmente que  a adubação não é o único método utilizado  para manter a fertilidade dos terrenos, mas representa aquele que mais exprime a intervenção humana no sector agrícola. É importante salientar que as  próprias plantas  podem fornecer ao solo alguns dos nutrientes fundamentais em que assentará o seu desenvolvimento vegetativo. É sobre esse assunto que falaremos mais detalhadamente ao longo deste artigo.

Rotação de culturas agrícolas agricultura

Impõem-se então a seguinte questão: onde é que as plantas vão encontrar, na natureza, os “alimentos” de que precisam? A resposta é simples:

  • Vão buscá-los um pouco à decomposição das plantas mortas no ano anterior;
  • Vão buscá-los às folhas que as árvores em volta deixam cair;
  • Vão buscá-los um pouco às raízes dalgumas plantas mais “generosas” que fornecem elementos úteis durante a própria vida (como por exemplo, as leguminosas);

Como é fácil de entender, se uma planta crescesse e se alimentasse sempre no mesmo ponto do terreno, acabaria por esgotá-lo, tal como acontece com o agricultor que faz sucessivas culturas da mesma família de plantas no mesmo local, sem respeitar a fertilidade do respectivo solo.

A importância das leguminosas na rotação de culturas na agricultura

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Enriquecimento com nutrientes

As rotações de culturas agrícolas e as siderações permitem “reabastecer” o terreno de azoto, recolhendo para além disso algum fruto do próprio trabalho e da cultura instalada. Para além disso, as leguminosas revelam-se importantíssimas para a população pois representam a base da alimentação da população ao longo dos séculos( feijão, grão, ervilha, fava, sentilhas), além disso podem ser também utilizadas como forrageiras que estão na base da alimentação bovina(luzerna, trevo, tremoço, entre outros).

Rotações de culturas na agricultura

As leguminosas e oleoproteoginosas(veja a meu ensaio com a cultura da soja) captam o azoto da atmosfera através de nódulos específicos. São conhecidos dois géneros de bactérias simbióticas fixadoras de azoto (Rhizobium e Bradyrhizobium) vulgarmente conhecidos como rizóbios. Possuem a principal função de transformarem o azoto molecular  em amónia quando se encontram em associação simbiótica com plantas hospedeiras (leguminosas).

A importância das leguminosas na agricultura

Quando as leguminosas são usadas em rotações de culturas agrícolas, permitem restituir no terreno os nutrientes que outras culturas anteriores “esgotaram”. Estas, são espécies fundamentais  na produção agrícola, uma vez que resultantes do processo de simbiose. Permitem  por isso a transferência de azoto atmosférico para o solo, permitindo assim uma adubação natural. Dessa forma,contribuem para a diminuição da adubação química através da aplicação de adubos azotados por parte dos agricultores.

A importância da rotação de culturas agrícolas  na agricultura biológica

Este tipo de adubação mais natural pode ser utilizada quer em produção integrada quer em agricultura biológica(ver vantagens e desvantagens). O azoto fixado pelas raízes das plantas pode suprir as necessidades da cultura leguminosa, dispensando o uso de fertilizantes azotados. Por sua vez, a sua utilização permitirá “deixar”no solo reservas deste macronutriente  para a cultura seguinte o que é de extrema importância. Dessa forma, tornará o processo  menos poluente para o ambiente, mais económico e permitindo a obtenção de produtos com maior qualidade.

Siderações: um complemento à rotação de culturas agrícolas

A sideração ou adubação verde representa uma fase importante do processo de “fertilização natural”. Esta é feita principalmente nos campos mais extensos e explorados intensamente por grandes culturas. Usa-se este processo cultural quando as leguminosas são revolvidas no terreno com o arado, na época de floração. Nesta fase, observa-se uma maior riqueza de azoto em todas as partes da planta.

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Em que consiste a sideração?

A sideração consiste assim num processo de enriquecimento e melhoria do solo. Este acontece através da incorporação de plantas que crescem no próprio local. A sideração também conhecida como adubação verde revela-se benéfica para o solo, uma vez que “trabalha” em profundidade.

Em situações em que o solo está realmente esgotado, semeia-se uma cultura propositadamente para a sideração. Tal prática realiza-se  para  aproveitar a sua máxima capacidade azotante. Não é fundamental enterrar as plantas no seu primeiro ano de crescimento( se ciclo cultural >1 ano, exemplo luzerna). Como a luzerna que é utilizada maioritariamente como forrageira pode-se fazer vários cortes.  Esta prática é totalmente benéfica para assim compensar os custos da sementeira e todas as despesas inerentes.

 

De que está à espera para fazer rotação de culturas agrícolas nos seus terrenos?

Além de melhorar as características  edáficas do solo, esta técnica agrícola promove uma produção de alimentos mais variada. Além disso,  protege o solo agrícola contra a acção de diferentes fatores climáticos.  Verifica-se que apresenta vantagens no controlo de  pragas, doenças e infestantes. A  evidente diferença de estrutura das raízes de cada espécie torna o solo   mais poroso e  arejado. Dessa forma, facilita a absorção de água e nutrientes bem como a  sua infiltração até as camadas mais profundas.

Para aumentar  ainda mais os benefícios, deve associar esta prática agrícola  a outras. Técnicas agrícolas como calagem, adubação orgânica, adubação verde, irrigação adequada,  podem ser exemplos muito válidos.

 

 

acientistaagricola
acientistaagricolahttp://acientistaagricola.pt
Olá, sou a Rosa. Nasci e cresci em meio rural e desde cedo percebi o que queria fazer para o resto da vida. Mais tarde, quando entrei no ensino superior tornei-me Técnica Superior do Ambiente e Agrónoma, áreas que sempre me fascinaram. Este blog é mais do que um projecto pessoal...é  o culminar de duas paixões: a escrita e as ciências ambientais e agrárias. Este é um local de encontro entre todos aqueles que partilham destas mesmas paixões. 

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