Existem muitos jardineiros e horticultores mais iniciantes que procuram alcançar a autossuficiência e viver com base nas suas próprias habilidades e no que a terra lhes dá. Faz parte deste grupo? Para garantir cultivos bem sucedidos, é cada vez mais promovido a utilização de fontes de fertilização natural como composto, estrume e outros tipos de adubos naturais que apresentam ótimos resultados. Dentro deste grupo de fertilizantes mais naturais, há quem se questione sobre a viabilidade de utilizar a nossa urina como fertilizante nas nossas culturas. Mas será benéfico? Neste artigo, irei falar sobre a utilização da urina humana como fertilizante para as nossas culturas, respondendo à questão: mito ou verdade? Quais os vossos palpites?
Os principais componentes(macronutrientes) nos fertilizantes comerciais, azoto, fósforo e potássio, assim como micronutrientes, são produzidos pelo corpo humano. Na verdade, os humanos têm utilizado a urina como fertilizante muito antes da invenção dos fertilizantes químicos modernos. A urina é o ouro líquido original e é gratuito.
Conforme o Instituto Ambiental de Estocolmo, uma pessoa pode produzir urina suficiente por ano para fertilizar 300-400 metros quadrados de culturas! Usada a nível doméstico, a urina que uma família produz é mais do que suficiente para sustentar uma horta doméstica. Por outro lado, se adotada em larga escala, a urina humana pode ser aproveitada para enfrentar desafios tanto de saneamento quanto de segurança alimentar um pouco por todo mundo.
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Alguns artigos científicos mais recentes:
Human urine-based fertilizers: A review
Human Urine: can it be applied as fertilizer in agricultural systems?
Por que a Urina pode ser Usada como Fertilizante? -um pouco de História
Aplicar urina como fertilizante pode parecer estranho à primeira vista, mas é um método surpreendentemente eficaz. Na sociedade moderna, estamos habituados a ver os nossos resíduos serem descartados e processados em estações de tratamento de águas residuais. Se a ideia de utilizar urina no jardim e horta causa-lhe repulsa, talvez seja útil saber que a urina foi historicamente utilizada para diversos propósitos. Desde amaciar couros até desempenhar um papel crucial no processo de alvejamento de roupas, a urina e outros resíduos corporais têm sido mercadorias valorizadas desde a antiguidade por muitas culturas em todo o mundo.
Além disso, ao longo dos séculos, a utilização da urina como fertilizante tem sido uma prática comum em muitas comunidades agrícolas. As propriedades ricas em nutrientes, como azoto, fósforo e potássio, tornam a urina um valioso adubo natural. Essa prática tradicional é agora fundamentada por pesquisas modernas que confirmam os benefícios da urina como uma fonte sustentável e gratuita de nutrientes essenciais para as plantas.
Portanto, embora possa parecer fora do comum atualmente, o uso da urina como fertilizante tem raízes profundas na história e oferece uma abordagem inovadora e sustentável para o cultivo de plantas.
Qual a composição da urina?
A urina é um líquido resultante do processo de limpeza e filtragem do sangue pelos rins. Normalmente, compreende cerca de 95% de água e o restante consiste numa mistura de sais, tais como sódio, potássio e cloreto, bem como ureia e ácido úrico. Devido ao elevado teor de água na urina, a frequência urinária aumenta à medida que se ingere mais líquidos. Em indivíduos saudáveis, a urina humana geralmente apresenta um pH em torno de 6,2, variando entre 5,5 e 7,0. A dieta e o consumo de álcool podem igualmente influenciar o pH urinário.
O principal componente orgânico da urina é a ureia, uma combinação de amoníaco e dióxido de carbono, resultante da decomposição de proteínas em aminoácidos úteis para o nosso organismo. A ureia destaca-se pela sua elevada concentração de azoto, um elemento crucial para o desenvolvimento saudável das folhas nas plantas. Além da sua riqueza neste macronutriente, a urina também contém fósforo dissolvido, imediatamente disponível para as plantas, conferindo-lhe propriedades de fertilização de ação rápida.
Benefícios do uso da urina como fertilizante nas plantas
O impacto ambiental decorrente da produção e utilização de fertilizantes químicos é amplamente reconhecido. Um exemplo marcante é o fósforo, um componente vital nos fertilizantes comerciais, frequentemente extraído e considerado um recurso limitado. O uso excessivo destes fertilizantes, que se escoam para os corpos de água locais, tem sido associado a fenómenos prejudiciais, como o florescimento de algas e a formação de zonas mortas nos ecossistemas aquáticos.
Em 2014, Amesterdão adotou uma abordagem inovadora para enfrentar a escassez de fósforo. A cidade implementou uma campanha de sensibilização que incluiu a instalação de urinóis públicos, destacando a importância de reutilizar a urina como fertilizante para plantas. Este esforço não só abordou a questão ambiental, mas também alertou para a escassez deste recurso.
Em regiões onde os fertilizantes químicos são economicamente inviáveis, a capacidade de reciclar nutrientes e estabelecer sistemas fechados utilizando a urina como um recurso gratuito torna-se ainda mais crucial. Transformar o que antes era considerado resíduo num recurso valioso não só promove práticas sustentáveis, mas também pode ser uma solução eficaz para os agricultores aumentarem os seus rendimentos, contribuindo para enfrentar o desafio global da insegurança alimentar.