“Os 10 mandamentos da PAC”: conheça o terceiro mandamento

“Os 10 mandamentos da PAC”: conheça o terceiro mandamento

No segundo mandamento, abordamos a forma como as novas políticas europeias promovem o aumento da competitividade das explorações mais desfavorecidas. Neste novo artigo, abordar-se-á o terceiro objetivo da PAC que tem como principal foco melhorar a posição dos agricultores na cadeia de valor. Curioso(a)s?

1-Apresentação do projeto GreenlightPlus e objetivo da atividade

“Os 10 Mandamentos da PAC” é uma atividade do Projeto GreenlightPlus, cofinanciado pela Comissão Europeia, que visa a disseminação dos objetivos estratégicos fundamentais da nova Política Agrícola Comum (PAC). Sabias que a PAC é a política europeia comum mais antiga (60 anos) que faz parceria entre a agricultura e a sociedade, e entre a Europa e os seus agricultores?

2-Objetivo do terceiro mandamento da PAC

O terceiro objetivo da nova PAC visa melhorar a posição dos agricultores na cadeia de valor.

Mas, o que isto significa?

Melhorar a posição dos agricultores na cadeia de valor é garantir que eles recebem uma parte justa do valor final dos produtos que produzem. Para isso, podem ser aplicadas práticas sustentáveis que aumentem a eficiência de produção, reduzam custos e aumentem a qualidade dos produtos agrícolas, permitindo que os agricultores obtenham preços melhores pelos seus produtos. Para atingir estes objetivos, existem também medidas que garantem que os agricultores têm acesso a informações, recursos e tecnologias que lhes permitam i) ser mais competitivos e ii) aumentar sua capacidade de negociação como os restantes elementos da cadeia de valor. Neste artigo, vamos perceber como a nova PAC vai permitir que os agricultores consigam um valor mais justo pelos seus  produtos: melhorando as suas receitas e promovendo uma produção mais sustentável.

3- Análise de dados europeus

-O aumento do valor acrescentado

O valor acrescentado à cadeia alimentar tem vindo a aumentar ao longo do tempo. Em 2017, 26,3% do valor acrescentado na cadeia alimentar esteve relacionado com os  produtores primários. De 2009 a 2013 o valor acrescentado subiu cerca de 2,8%.  O valor acrescentado relativo aos serviços de consumo de alimentos e bebidas está igualmente a crescer. Os setores do leite, hortícolas, produção de cereais e suínos foram os setores mais importantes em termos de valor de produção na UE-27 em 2019.

É importante ter em conta que o valor acrescentado dos produtos agrícolas na UE é influenciado por vários fatores, tais como mudanças no consumo de alimentos, políticas agrícolas e ambientais, inovações tecnológicas, clima e condições de mercado. O valor acrescentado dos produtos agrícolas também pode ser afetado por crises como pandemias, desastres naturais e problemas de saúde animal ou vegetal que originam grandes oscilações nestes valores.

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Relativamente ao valor acrescentado, é importante ter em conta que:

  • A cadeia de abastecimento alimentar inclui todos os intervenientes e atividades, desde a produção agrícola primária até ao processamento, distribuição, retalho e consumo de alimentos.
  • Este indicador determina o valor acrescentado (definido como a produção menos o consumo intermédio) gerado pelos diferentes intervenientes na cadeia alimentar (produção primária, fabrico, distribuição e serviços de consumo) e calcula a participação da produção primária (agricultura) no valor acrescentado total.
  • Na União Europeia, a participação da agricultura no valor acrescentado da cadeia alimentar está em ligeiro declínio, situando-se em cerca de 25%.
  • Verificam-se enormes disparidades entre os Estados-Membros em termos da sua participação no valor acrescentado agrícola, variando de 7% no Luxemburgo a 56% na Roménia.

 

4-Análises dos dados nacionais

O valor acrescentado agrícola em Portugal representa uma importante contribuição para a economia do país. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2020, a produção agrícola representou cerca de 2,5% do PIB nacional.

Em termos de valor acrescentado, as principais culturas em Portugal são o tomate, o azeite, o vinho, os citrinos e a carne de aves. O setor animal também tem uma contribuição significativa, com a produção de leite e carne bovina e suína.

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A agricultura é uma das atividades económicas mais importantes em Portugal, especialmente em áreas rurais, e tem vindo a sofrer um processo de modernização e diversificação. A inovação tecnológica, a adoção de boas práticas agrícolas e a diversificação de culturas são algumas das estratégias utilizadas para melhorar a eficiência e competitividade do setor agrícola em Portugal. Além disso, o setor agrícola em Portugal tem também um forte potencial para a exportação. De acordo com dados do INE, em 2020, as exportações de produtos agroalimentares e florestais representaram cerca de 12,7% do total de exportações do país. Entre os principais destinos das exportações de produtos agroalimentares portugueses estão a Espanha, França, Itália e Reino Unido. No entanto, o setor agrícola em Portugal enfrenta alguns desafios, como a escassez de água em algumas regiões do país, a necessidade de melhorar a eficiência energética e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Para além disso, a concorrência de produtos importados de outros países também é um desafio para os agricultores portugueses. De forma a enfrentar estes desafios, têm sido implementadas políticas europeias de apoio à agricultura e à agroindústria, bem como programas de incentivo à inovação e sustentabilidade no setor agrícola.

 

Alguns aspetos importantes

Uma das principais diferenças entre o valor acrescentado agrícola em Portugal e a média da União Europeia (UE) é o peso relativo do setor agrícola na economia. Enquanto o setor agrícola representa cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) português, na UE-27 em 2019, o setor agrícola representou 1.3% do PIB. Isso sugere que o setor agrícola é relativamente mais importante em Portugal do que em média na UE.

Verifica-se ainda outra diferença significativa na composição do valor acrescentado agrícola entre diferentes setores. Enquanto que na UE-27 o valor acrescentado agrícola é composto principalmente pela produção de culturas e produção animal, em Portugal o valor acrescentado agrícola é liderado pelo setor florestal e pelos produtos florestais não madeireiros. Mais ainda se denota que o setor hortícola é relativamente mais importante em Portugal, comparativamente com a média da UE.

Além disso, a distribuição do valor acrescentado agrícola pelos diferentes atores da cadeia alimentar pode também diferir entre Portugal e a UE. Em Portugal, por exemplo, a produção primária, ou seja, a produção agrícola, representa uma parte relativamente maior do valor acrescentado na cadeia alimentar, enquanto que na eu a produção primária representa uma parcela menor do valor acrescentado. Na EU verifica-se uma maior proporção do valor acrescentado na fase de processamento e distribuição.

Em resumo, existem diferenças significativas entre o valor acrescentado agrícola em Portugal e na média da UE, incluindo o peso relativo do setor agrícola na economia, a composição do valor acrescentado por setor e a distribuição do valor acrescentado ao longo da cadeia alimentar.

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Como é que a nova PAC pode aumentar o valor acrescentado dos produtos agrícolas?

Existem várias maneiras pelas quais a PAC pode contribuir para o aumento do valor acrescentado na agricultura.

1-Investimento em tecnologias e práticas agrícolas inovadoras

A PAC pode fornecer financiamento para a implementação de tecnologias avançadas, como agricultura de precisão e cultivo em estufas, que aumentam a eficiência e produtividade da agricultura. Essas tecnologias podem ajudar a aumentar a qualidade e a quantidade dos produtos agrícolas, elevando seu valor acrescentado.

2-Promoção da qualidade dos produtos agrícolas

A PAC pode incentivar a adoção de práticas agrícolas sustentáveis, que reduzem a utilização de produtos químicos e pesticidas, e ajudam a melhorar a qualidade dos produtos agrícolas. A adoção dessas práticas pode aumentar o valor acrescentado dos produtos agrícolas e torná-los mais atraentes para o mercado.

3-Incentivo à diversificação e à produção de produtos com maior valor agregado

A PAC pode oferecer incentivos financeiros para a diversificação de culturas e a produção de produtos com maior valor agregado, como frutas e vegetais frescos, produtos orgânicos, queijo e vinho. A diversificação da produção agrícola e a produção de produtos com maior valor agregado pode ajudar a aumentar o valor acrescentado na agricultura.

4-Apoio à comercialização e à exportação de produtos agrícolas

A PAC pode ajudar a facilitar a comercialização e a exportação de produtos agrícolas, o que pode levar ao aumento do valor acrescentado na agricultura. Através de programas de promoção e de apoio à exportação, a PAC pode ajudar os produtores a encontrar novos mercados e a aumentar a procura dos seus produtos.

Em resumo, a PAC pode contribuir significativamente para o aumento do valor acrescentado na agricultura por meio de investimento em tecnologias e práticas agrícolas inovadoras, promoção da qualidade dos produtos agrícolas, incentivo à diversificação e produção de produtos com maior valor acrescentado, apoio à comercialização e à exportação de produtos agrícolas.

 

Artigo patrocinado pelo projeto GreenlightPlus*

Olá, sou a Rosa. Nasci e cresci em meio rural e desde cedo percebi o que queria fazer para o resto da vida. Mais tarde, quando entrei no ensino superior tornei-me Técnica Superior do Ambiente e Agrónoma, áreas que sempre me fascinaram. Este blog é mais do que um projecto pessoal...é  o culminar de duas paixões: a escrita e as ciências ambientais e agrárias. Este é um local de encontro entre todos aqueles que partilham destas mesmas paixões.

 

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